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Colunistas O circo ilusório

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Voltemos à realidade forjada do Big Brother e cairemos na equação da irracionalidade. (Foto: Reprodução)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

A dominação midiática não significa garantia de democracia. Equilibrada, tem seus méritos. E muitos. Parcial, comprometida, fica perigosamente viciada.

Digo isso às vésperas de uma nova edição do chato, por repetitivo e paupérrimo de criatividade, programa de doentio delírio de espiar. Por não acompanhar além de 2 ou 3 capítulos para falar como testemunha ocular, dispenso-me do detalhe, posto que se a minúcia é intelectualmente só, carente de um pedacinho de animadora inteligência, o todo nos desafia a descobrir o por que a idiotice desperta tanta curiosidade. Mais que isso, interesse.

Não se pode – nestes tempos de um narcisismo que nasce sem raiz e de um crescente aderir a ideia de que a vida é uma só e esgota-se em si mesma – passar, sem notar, fatos que, surpreendentemente se tornaram determinantes do feitio do hoje. Seria um pecado, render-se a chance de ver que poderia ser falsa ou verdadeira a luminosidade do viver. Seria? Voltemos à realidade forjada do Big Brother (e a programas de outras emissoras, que copiaram seu perfil) e cairemos na equação da irracionalidade.

Sabemos que a civilização do nosso milênio é de um pragmatismo agressivo. Mais do que isso. Utilitarista, ao produzir um bem (automóvel, por exemplo) não para durar, mas para aparentar e ser consumido.

Faz-se a sociedade pensar que ela sabe o que quer e se produz segundo o padrão de um consumo garantido e com a não – confessada, mas óbvia proposição de que a novidade “espetacular” de hoje seja a sucata de amanhã. Cumpre-se o ciclo alimentado pela fecunda nem sempre feliz, UIC (União Instável do Consumo) – que, na sua descontrolada versão gera a viciosa dependência e leva ao delírio enlouquecido do consumismo – que, somado com a inventividade da tecnologia, atraente e desafiadora, pode levar até um delírio enlouquecido.

Tal modelagem é fértil e até dissimulada. Criou-se para permitir um aparente regramento de liberadas práticas, das quais resultou um ser que muitos, quase todos (e seus descendentes) dizem, simultaneamente, constituir e obedecer.
O Big Brother, (e seus descendentes) na sua lucrativa, elementar e intelectualmente pobre versão – exemplifica uma proposta em que cidadãos – desejosos de expor-se, submetem-se a qualquer degradação – para vender a privacidade que nunca valorizaram – desnudando-se – física (que, às vezes, até tem muito) e mentalmente – que tem o pouco. São (ou se tornam) palhaços (não os respeitáveis profissionais), sem arte, desfilando num picadeiro eletrônico que os leva do ridículo ao deselegante.

E quantos mais votarem, mais ganha quem monta e mostra o espetáculo, porque arrecada-se em função dos “votos dados”.

Mas há muito mais: estimulado e estimulando a quebra de privacidade cresce em milhões a plateia que a eletrônica vai buscar em toda parte significando o aumento por numerais milionários da audiência do programa e, obviamente, permitindo que o canal, com esse argumento, aumente a receita publicitária.

Em síntese, “atores” ridículos e apostadores que optam por ser enganados, alimentam, com o pouco de cada um, que, somado entre tantos vai a muitos milhões, servindo para enriquecer, quem já é rico e contribuir para o empobrecer, com a anestesia do jogo, quem já é carente.

Os romanos, naturalmente, dominavam o povo com “pão e circo”. Aqui, também se domina, mas sem distribuir o pão e arrecadando as moedas que os romanos não arrecadaram.

É a contemporaneidade, feita do circo ilusório e do consumo vicioso.

 

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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https://www.osul.com.br/o-circo-ilusorio/ O circo ilusório 2018-02-02
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