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Brasil O clima tenso em Roraima fez imigrantes voltarem para a Venezuela

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Venezuelanos se aventuram por rotas alternativas para chegar ao Brasil. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Um grupo de aproximadamente 100 venezuelanos embarcou em ônibus para voltar ao país natal na manhã de sábado (8) em Boa Vista. A saída, em meio a um clima tenso e correria de imigrantes, aconteceu um dia depois de um brasileiro e um venezuelano serem assassinados durante uma confusão nos arredores de um abrigo para refugiados sem-teto. As informações são do portal de notícias G1.

O embarque aconteceu no início da manhã em um acampamento vizinho ao abrigo e foi acompanhado por representantes do Consulado da Venezuela em Roraima. Eles não quiseram conceder entrevista, mas garantiram que a repatriação dos imigrantes em ônibus fretados pelo governo Maduro foi “por livre e espontânea vontade”.

Entre os venezuelanos que embarcaram e os que decidiram ficar os relatos foram os mesmos: há um clima de tensão desde as mortes do brasileiro e do venezuelano. Eles temem conflitos semelhantes ao que aconteceu em 18 de agosto quando acampamentos de refugiados foram atacados e queimados em Pacaraima, na fronteira com a Venezuela.

“A situação está muito crítica. Estamos correndo perigo, não dormimos bem, temos que ficar correndo para nos proteger”, disse Lenin Tamaronis, 18, que decidiu regressar a Maturín, na Venezuela, com a mulher e o filho de 1 ano. “Estávamos vivendo na rua acerca de um mês”.

Tiros contra acampamento

Os imigrantes também disseram que, na madrugada deste sábado, dois homens passaram em uma moto e atiraram contra o acampamento no entorno do abrigo Jardim Floresta. Não houve feridos, mas paredes e objetos ficaram marcados.

“Foram vários disparos e nós corremos para nos proteger perto do abrigo”, relatou um venezuelano que estava no acampamento durante a madrugada. “Tivemos muito medo”.

A Polícia Militar diz que não recebeu chamado para a ocorrência. O Exército, que cuida de ações relacionadas aos imigrantes, foi procurado, mas não se manifestou sobre o assunto.

Noheliny Suarez, 26, também decidiu voltar para a Venezuela. Ela estava há menos de 2 meses no Brasil e vivia no abrigo Jardim Floresta.

“Quero ir por causa do perigo que há aqui. Não quero que nada se passe comigo, tenho quatro filhos na Venezuela, e por isso quero ir, por eles. Aqui está muito tenso. Houve tiros aqui ontem à noite e já quiserem queimar o refúgio do outro lado. Sei que isso é culpa de alguns venezuelanos, mas nem todos temos culpa”, relatou.

Adriana Abreu, 39, que mora no acampamento nos arredores do abrigo fez uma lista dos venezuelanos que embarcaram. Ela afirmou que foram aproximadamente 100 e que a maioria relatou medo e insegurança.

“[Quando atiraram] não havia polícia aqui ontem. Não havia nada. Sabem que poderia haver uma represália contra as famílias. Qual os direitos humanos que defendem? Para que abriu a fronteira? Que [o Brasil] feche a fronteira e não deixe passar ninguém porque aqui ninguém está seguro. As pessoas estão saindo do abrigo [para voltar para a Venezuela]. Então nada está seguro”.

Correria para abrigo

Após a saída do grupo, homens venezuelanos que vivem em acampamentos nas ruas próximas correram para se refugiar no abrigo Jardim Floresta por medo de conflitos por volta das 12h15 (hora local). Mulheres e crianças já haviam ido para o local.

Eles ouviram uma ameaça de que seriam atacados naquele momento, e correram para dentro do abrigo. Alguns tinham pedaços de pau, facas e pedras nas mãos. Pouco depois, no entanto, saíram de lá, e a Força Nacional e o Exército reforçaram a segurança no local.

“Um homem em uma motocicleta ameaçou verbalmente os imigrantes que se assustaram com o barulho do escape da moto e correram para o abrigo como forma de proteção. Os soldados foram orientados a deixá-los entrar para evitar ação movida pelo medo. Ao adentrar o abrigo, os homens se armaram de paus, pedras e ferros de uma cama elástica […], e correram para o portão para se defenderem, o que foi impedido pelos soldados ali presentes”, informou a assessoria da Operação Acolhida, executada por uma Força-Tarefa que cuida de ações relacionadas aos refugiados.

Em razão do acontecido, mulheres passaram mal e foram atendidas, detalhou a assessoria. “A Força-Tarefa reforça que em nenhum momento houve invasão do abrigo […] apenas homens adentraram ao abrigo naquele momento”, frisou.

Tensão

Na noite de quinta (6), o brasileiro Manoel Siqueira de Sousa, 35, foi esfaqueado após tentar conter um furto a um mercado. O suspeito do crime é o venezuelano Jose Antonio Gonzalez, 19, que foi linchado até a morte pouco depois.

Na noite dos crimes, testemunhas relaram à Polícia Militar que o imigrante teria furtado um mercado e, ao ser capturado por Manoel de Sousa, desferiu uma facada no pescoço dele.

Em seguida, o venezuelano foi linchado. Ele teve o corpo arrastado até o local onde vivia – um acampamento nos arredores do abrigo Jardim Floresta. Ninguém foi preso e a Polícia Civil investiga as duas mortes.

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https://www.osul.com.br/o-clima-tenso-em-boa-vista-fez-imigrantes-voltarem-para-a-venezuela/ O clima tenso em Roraima fez imigrantes voltarem para a Venezuela 2018-09-09
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