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Brasil O corpo do médico que criou as carretas da saúde foi enterrado em São Paulo. Ele foi assassinado durante um assalto

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Roberto Kunimassa Kikawa foi morto na noite de sábado (10) durante um assalto, no bairro Ipiranga, na zona sul de São Paulo. (Foto: Reprodução)

Com um pai-nosso, agradecimentos pela vida e pelo trabalho e aplausos. Foi assim que amigos, colegas de trabalhos sociais e membros da igreja frequentada por ele se despediram do médico Roberto Kunimassa Kikawa, 48 anos, nesta segunda-feira (12), no Cemitério da Consolação. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.

Kikawa foi morto na noite de sábado (10) durante um assalto, no bairro Ipiranga, na zona sul de São Paulo. Gastroenterologista, ele fundou o Cies Global em 2008 para levar atendimento médico especializado a comunidades carentes. Integrante das redes Schwab e Folha, foi reconhecido como vencedor do Prêmio Empreendedor Social 2010 por inovar com unidades móveis de exames em carretas.

Um dos presentes ao enterro, o pastor Massao Suguihara conta que passou a integrar o conselho do Cies há poucos meses a convite do amigo. Membro da Comunidade Adoração e Adoradores, o pastor já fez parte da igreja frequentada por Kukawa, a Igreja Evangélica Holiness do Bosque. “Era um homem desprendido das coisas materiais, era um homem de Deus, que queria que as pessoas conhecessem esse Deus que ele acreditava”, diz ele.

“A minha contribuição com o Cies é ajudar para que esse DNA permaneça na instituição. Esse amor que ele propagava vai continuar, a gente se uniu por essa visão de compaixão”.

Roberto Souza, assessor de comunicação do Cies até 2014, conta que Kukawa tinha também um lado inventor que foi reconhecido pelos pares. O médico desenvolveu alguns métodos que foram registrados em revistas científicas internacionais. “Convivência com ele era muito fácil, porque, apesar do conhecimento que tinha, ele conversava com todo mundo. Ele brincava que não era médico de doenças, mas de pessoas.”

No sábado, por volta das 23h, o médico voltava de um jantar com sua equipe em uma pizzaria e deixava uma funcionária em casa. Quando o carro estava parado em frente ao prédio na rua do Manifesto, ele foi abordado por dois rapazes com arma em punho.

Ordenaram que o médico saísse do Jeep Compass. Como era de seu feitio, Kikawa começou a descer do veículo e pediu calma aos assaltantes. “Você é polícia?”, reagiu um deles, enquanto o outro gritava: “Atira, atira.”

O primeiro disparo atingiu a axila. O segundo, o abdômen. Os assaltantes saíram correndo a pé, enquanto testemunhas chamavam a ambulância para socorrer Kikawa. Levado ao Hospital Ipiranga, ele chegou sem vida.

Só em 2017, em São Paulo, o sistema de carretas da saúde criado pelo médico foi responsável por 54% dos exames com imagens feitos pelo SUS. Na segunda-feira (5), na última entrevista concedida à Folha, durante o (Festival de Inovação e Impacto Social), em Poços de Caldas, ele disse que o SUS era “viável”.

“É importante que a gente entenda o SUS, de ter essa rede integrada. Nada adianta eu trazer uma carreta para fazer uma mamografia, detectar o nódulo, e essa pessoa ficar frustrada e falar: ‘Tá bom, doutor, o que faço com isso?’.”

Kikawa participou ainda do painel Saúde e Inclusão e falou para colegas da Rede Folha e representantes de ONGs de saúde da América Latina, reunidos do Fórum de Melhores Praticas para o Terceiro Setor da Saúde, na segunda (5).

Destacou o papel do terceiro setor no fortalecimento da saúde pública: “A gente é ponte e precisa trazer governo e iniciativa privada junto, para uma gestão eficiente e respeitosa.”

Paulistano, Kikawa escolheu a carreira na medicina ainda na infância, quando era escoteiro e aprendeu a cuidar de pessoas. Começou a jogar xadrez motivado pelo pai, que foi sua grande inspiração e incentivador. Durante o período da faculdade em Londrina (PR), o progenitor teve câncer.

Kikawa conseguiu acompanhar o tratamento em São Paulo por causa de uma greve no campus. A despedida foi a maior motivação da sua vida: “Quero que você me prometa que será um médico amoroso, que entenda bem o doente”, disse o pai na última conversa com o filho doutor.

Após o adeus e de volta ao Paraná, Kikawa decidiu cursar teologia para ser missionário na África, mas uma grave infecção renal o impediu. A carreira como cirurgião-geral também foi interrompida, desta vez por uma condição crônica, que causava tremores nas mãos. Ainda assim, Kikawa mantinha sua firmeza de propósito. E virou um dos maiores especialistas em endoscopia do país.

No Hospital Sírio-Libanês, voltou sua atenção aos pacientes sem perspectivas de cura. E descobriu as “Áfricas” da periferia paulistana. Abandonou a carreira promissora na medicina privada para se tornar um empreendedor social reconhecido mundialmente.

Surgiu, assim, a ideia do sistema móvel para exames preventivos, que evoluiu para unidades que também realizam cirurgias.

tags: Saúde

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