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Por Redação O Sul | 8 de julho de 2018
O Brasil perderá nos próximos anos o posto de quinta nação mais populosa do mundo que tomou da Rússia em 1990. Com 207,7 milhões de habitantes hoje, o País será deixado para trás por Nigéria e Paquistão até 2025.
Após 2060, as populações de Congo, Etiópia, Tanzânia, Uganda, Egito e Níger também deverão superar a brasileira, que, até o fim deste século, tende a deixar o ranking das dez maiores do mundo.
As estimativas são da ONU e se baseiam nas tendências de taxas de natalidade, mortalidade e migração nas diferentes partes do mundo.
Toda projeção está sujeita a riscos. Tendências demográficas dependem de mudanças tecnológicas, avanços na medicina, condições políticas e costumes, que podem se alterar de forma imprevisível.
Por isso, a ONU atualiza suas contas a cada dois anos (a vez mais recente, em 2017) e trabalha com três cenários.
O principal faz a projeção conforme o padrão histórico das taxas de fertilidade. Os demais consideram a possibilidade de uma queda mais rápida ou mais lenta do indicador.
Segundo especialistas, no entanto, a probabilidade de que a dança de cadeiras entre os países se desenrole na direção prevista pela ONU é alta.
O ritmo de nascimentos na Índia e na China precisaria mudar bruscamente, por exemplo, para evitar a inversão de posições dos dois países asiáticos, hoje em primeiro e segundo na lista de mais populosos, respectivamente.
Muitos dos movimentos revelados pelas projeções já estão em curso e deverão transformar o mapa mundial conforme a população do planeta avançar dos atuais 7,6 bilhões para 11,2 bilhões em 2100.
O último salto nessa escala, em termos absolutos, ocorreu em intervalo recorde de 51 anos, de 1960 a 2011, quando a Terra passou de 3 bilhões para 7 bilhões de habitantes.
Além de mais lenta, a fase atual terá contornos totalmente diferentes do boom anterior. Antes concentrado na Ásia, o crescimento tem migrado para a África.
O perfil etário da expansão demográfica também tem mudado. O aumento no número de jovens e adultos em idade de trabalhar, entre 15 e 64 anos, representou 70% da expansão demográfica dos anos 60 à década atual. Isso reflete uma queda significativa da mortalidade sobretudo pelo avanço da medicina.
Com taxas de natalidade ainda altas – sobretudo nos anos 60 e 70 –, as crianças perfizeram 20% do crescimento populacional, enquanto os idosos, apenas 10%. Essa dinâmica demográfica foi liderada pela Ásia, que abrigou cerca de 6 de cada 10 “novos” habitantes do planeta.
Os pouco mais de 4 bilhões de pessoas que estão sendo adicionados à população global desde 2011, quando foi alcançada a marca dos 7 bilhões, terão características distintas.
As melhores condições de vida se traduzem em maior longevidade. Por isso, os idosos representarão quase metade da expansão demográfica a partir de agora; ou seja, quase 2 bilhões de pessoas. Os outros 50% ainda serão jovens e adultos de 15 a 64 anos.
Já o número de crianças cairá rapidamente na maior parte do mundo e será suficiente apenas para repor as que crescerem, levando à estabilidade da população até 14 anos.
A exceção desse cenário é a África, onde o número de nascimentos por mulher permanece elevado. Não fosse por esse continente, o total de crianças no mundo encolheria até o fim deste século. Isso ajuda a explicar por que a África tomará da Ásia a dianteira da expansão demográfica.
A população africana deverá saltar de 1,3 bilhão, no ano passado, para 4,5 bilhões, em 2100, fazendo com que o continente seja responsável por mais de 80% da expansão demográfica mundial no período. Esse aumento equivaleria a uma migração de todas as pessoas que viviam em 2017 em China, Índia, Estados Unidos e Brasil para a África.
Não é casualidade, portanto, que 7 dos 8 países que se tornarão mais populosos do que o Brasil nas próximas décadas sejam africanos. Enquanto a população brasileira e a de vários países envelhecem e, em meados do século, começarão a encolher, a África vive uma explosão de jovens e adultos em idade de trabalhar.
Como já ocorreu com grandes mudanças populacionais no passado, a transformação atual chega acompanhada de uma longa lista de preocupações associadas à capacidade do mundo de gerar crescimento econômico sustentável para acomodar tanta gente.
Um ponto positivo em relação ao boom das últimas décadas é que a adição de pessoas ao planeta desacelerará.
A humanidade levou cerca de 1.800 anos para atingir seu primeiro bilhão de habitantes.
O intervalo foi caindo, gradualmente, até atingir apenas 12 anos entre o quinto e o sexto bilhão e entre o sexto e o sétimo. A partir de agora, se as projeções centrais da ONU se concretizarem, o tempo para que novos marcos sejam atingidos voltará a aumentar. Teremos mais tempo para nos prepararmos.