Sexta-feira, 19 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 9 de julho de 2017
Alvo da Operação Pescaria da PF (Polícia Federal), o esquema de fraudes nos saques de contas inativas do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) tinha origem em um site falso da CEF (Caixa Econômica Federal). O criador da página coletava os dados dos beneficiários – que pensavam estar acessando o original – e revendia para outros criminosos fazerem os saques.
Cada lote de 500 cadastros de beneficiários do FGTS era vendido por R$ 5 mil. Os dados eram oferecidos em grupos de hackers na internet. O criador do site não foi preso pela polícia.
Ao menos 17 pessoas foram presas praticando o golpe em várias agências do Rio de Janeiro. Os agentes federais se espalharam por 65 agências em todo o Estado. Todas as prisões foram feitas em flagrante.
“Tem um fraudador principal de São Paulo que revendia os dados das contas. É um nerd que monta um programa e vende pras pessoas fazerem. Ele é o cara que vende a arma, mas não faz [o assalto]”. afirma Erick Blatt, delegado-chefe do Grupo de Combate aos Crimes Cibernéticos da PF.
Entre os presos estão pessoas de vários Estados e até dois estrangeiros: um angolano e um moçambicano. De acordo com a PF, a quadrilha tinha interesse nos saques de até R$ 1,5 mil já que para retirar esses valores não era necessário apresentar documentação, mas apenas digitar os dados.
Último lote
A CEF iniciou no sábado o pagamento das contas inativas do FGTS para os trabalhadores nascidos em dezembro. Mais de 2,5 milhões de brasileiros têm direito ao saque no último lote. O valor total disponível ultrapassa R$ 3,5 bilhões e equivale a aproximadamente 8% do total. Veja aqui como é possível fazer o saque de contas inativas.
A polícia acredita que com a fraude nesse último lote do FGTS liberado neste sábado, o prejuízo poderia chegar a R$ 1 milhão no Rio de Janeiro. Até o fim do dia foram recuperados R$ 160 mil. A estimativa é que em todo país o prejuízo poderia ser de até R$ 10 milhões.
Os criminosos usavam o mesmo caixa para fazer saques de contas de vários locais do país. Eles chegaram a arrombar a prefeitura de Nilópolis, na Baixada Fluminense, onde existe uma agência do banco. Segundo a PF, eles começaram a sacar às 10h e chegaram a retirar R$ 35 mil. O dinheiro foi recuperado pelos policiais.
Ainda segundo o delegado, não dava para saber antecipadamente se as contas tinham dinheiro, por isso os criminosos compravam uma quantidade grande de nomes e passavam horas consultando diversas contas nos caixas eletrônicos.
“Um [dos presos] comprou 2 mil cadastros, outro comprou 3 mil. Tem casos de saques de dois reais, três reais”, diz Blatt.
Segundo ele, alguns compradores também revendiam os dados. “Não dava para saber (se o cadastro tinha sido repassado para outras pessoas). Por isso, todos corriam de manhã para consultar o saldo e sacar.”
De acordo com o delegado, os criminosos não consultavam os saldos pela internet porque dessa forma poderiam ser identificados pelo IP do computador. Segundo a polícia, os presos foram indiciados por roubo qualificado e, como a pena máxia é de 8 anos, não cabe fiança.