Sábado, 20 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 28 de março de 2018
O delegado da Polícia Civil do Paraná, Wikinson Fabiano Oliveira de Arruda, não participará mais das investigações sobre os tiros disparados contra ônibus da caravana do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. De acordo com apuração da reportagem, suas declarações logo após o incidente não foram bem recebidas pela cúpula da Sesp (Secretaria de Segurança do Paraná). A apuração do caso será comandada pelo delegado Helder Andrade Lauria.
Na noite de terça-feira, Arruda confirmou ao jornal O Estado de S. Paulo que um dos ônibus da comitiva foi alvejado por ao menos um tiro. “Pelo menos uma das marcas é de arma de fogo”, afirmou. “Se as outras marcas são, apenas a perícia irá dizer”.
Oficialmente, o Departamento da Polícia Civil do Paraná afirma que Arruda não foi afastado do caso. Segundo o órgão, o inquérito é conduzido desde seu início por Helder Lauria, que é o delegado titular da delegacia de Laranjeiras do Sul. A Polícia Civil afirma que Arruda é delegado adjunto, acompanhou Lauria no atendimento ao local da ocorrência, e continuará dando apoio à investigação.
Os disparos foram relatados por integrantes da caravana do petista. Um dos veículos apresentava marcas de três tiros. Um disparo perfurou a lataria e outros dois atingiram os vidros. O ônibus transportava jornalistas que fazem a comunicação da caravana, de blogs e sites que acompanham a comitiva, e repórteres estrangeiros. O outro ônibus, que foi atingido por um tiro, levava convidados da caravana. O ônibus que estava com o ex-presidente Lula não foi atingido. Ninguém ficou ferido.
Deputados do PT se reuniram com o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, para cobrar providências. O ministro classificou como “inaceitável” o episódio no Paraná e afirmou que a Polícia Federal não irá investigar o caso dos tiros porque o crime não foi federal e cabe às autoridades estaduais atuar.
Lula e Bolsonaro
Poucas horas depois de a caravana do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegar a Curitiba, ainda sob abalo pelo ataque que atingiu com ao menos três tiros dois ônibus da comitiva, era tensa a atmosfera para o que deveria ser a festa de encerramento da turnê pelo Sul do pré-candidato do PT.
No comício do petista, as mensagens de aposta em Lula eleito presidente em 2018 dividiram espaço com acusações contra os agressores.
Um cartaz grande pendurado na Praça Santos Andrade dizia: “Aqui não é Bagé”, em referência aos protestos com os quais a caravana foi recebida, dias antes, na cidade gaúcha. Ali, ruralistas e manifestantes bloquearam a passagem da comitiva com caminhões e tratores, em um prenúncio dos sucessivos episódios de hostilidade que viriam nos dias seguintes.
As caravanas de Lula começaram pelo Nordeste como uma maratona para tentar reforçar a popularidade do petista, mas tiveram passagem conturbada pelo Sul do país.
Na viagem pela região, que começou pelo Rio Grande do Sul, passou por Santa Catarina e agora se encerra no Paraná, a caravana de Lula recebeu ovadas, pedradas e assistiu a confrontos entre manifestantes anti-Lula e militantes petistas.