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Mundo O desejo de independência da Catalunha talvez tenha sido a primeira vítima colateral do atentado de Barcelona

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Símbolos catalães predominaram em homenagens e quem exibiu bandeira espanhola chegou a ser hostilizado. (Foto: Reprodução)

Na sexta-feira, o rei da Espanha, Felipe VI, tinha à sua direita o premiê Mariano Rajoy e, à esquerda, o governador da Catalunha, Carles Puigdemont, durante o minuto de silêncio em memória aos mortos no atentado de Barcelona. A cena foi interpretada como um símbolo de unidade, um sinal mais forte do que a vontade de independência dos catalães, que realizarão um plebiscito de autodeterminação em 1.º de outubro.

A unidade, porém, foi de fachada, e por trás da homenagem estavam cálculos políticos. O desejo de independência da Catalunha talvez tenha sido a primeira vítima colateral do atentado de Barcelona, na quinta-feira. Nas ruas, onde antes só havia bandeiras catalãs, apareceram símbolos da Espanha durante as homenagens aos mortos. O recado dos unionistas foi claro: para lutar contra o terrorismo islâmico, será preciso um Estado central forte, não um pequeno país independente.

Segundo o historiador francês Benoit Pellistrandi, especialista na questão catalã, o atentado pode ser decisivo para o resultado do plebiscito de 1.º de outubro. “Jamais as relações entre as autoridades catalãs de Barcelona e as espanholas de Madri foram tão deterioradas pelo projeto independentista”, disse. Para Pellistrandi, o ataque mostrou que o discurso de partidários da independência sobre a suposta “singularidade da Catalunha”, que seria uma espécie de Suíça do Mediterrâneo, neutra e sem inimigos no mundo, balançou com o atentado que deixou 14 mortos e mais de 130 feridos.

Desde 2012, 150 operações policiais foram realizadas e 220 extremistas foram presos em missões antiterrorismo em Barcelona. “O atentado lembrou à população de que sua sociedade, integrada ou não à Espanha, é um foco do extremismo no sul da Europa”, disse Pellistrandi.

Falando à imprensa, Puigdemont foi diplomático e ao mesmo tempo ressaltou as diferenças entre Madri e Barcelona ao ressaltar a “grande coordenação” entre “as polícias da Espanha e da Catalunha”.

Ele também elogiou Rajoy, que viajou a Barcelona e multiplicou os apelos por unidade. Mas, rejeitando a impressão de aliança, Puigdemont afastou qualquer possibilidade de adiar o plebiscito de 1.º de outubro.
O problema para os independentistas é que os atentados ampliam a pressão política sobre Puigdemont. Em julho, ele demitiu o conselheiro de Interior, Jordi Jané, por não se dedicar o suficiente à campanha pela independência, substituindo-o por um separatista, Joaquim Forn.

Em 17 de julho, Forn demitiu o diretor da Mossos d’Esquadra, a polícia autônoma da Catalunha, que não apoiava o plebiscito. O nomeado foi Pere Soler, outro autonomista.

A medida passaria despercebida se a CIA, a agência de inteligência americana, não tivesse advertido a cúpula da polícia catalã sobre a iminência de um atentado terrorista islâmico em Barcelona. O relatório era tão preciso que indicava que Las Ramblas seriam um alvo preferencial. Segundo os críticos, a informação teria passado em branco em razão da disputa política na cúpula do Conselho de Interior e no comando da Mossos d’Esquadra.

Criticado, Puigdemont reagiu elogiando sua polícia, que, a pedido de seu governo, obteve de Madri o direito de participar do consórcio de polícias internacionais contra o terrorismo. “Estão ali, onde é necessário que estejam como polícia”, afirmou.

Nas ruas, o ataque reacendeu o embate verbal – por vezes físico – entre partidários da independência e da união.

Militantes da autonomia e manifestantes contrários discutem nas ruas. Não bastasse, parte da propaganda nacionalista na Catalunha agora é vista sob outra perspectiva. Ao longo de meses, militantes do partido de extrema esquerda Candidatura de Unidade Popular (CUP), membro da coalizão de apoio a Puigdemont e à independência, realizaram campanha contra a presença de estrangeiros em férias na Catalunha, que consideram excessiva. Entre as ações do grupo extremista, estavam ataques violentos a ônibus de turismo e a pichação de muros da cidade com slogans. Um deles dizia: “Morte aos turistas”. (AE)

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https://www.osul.com.br/o-desejo-de-independencia-da-catalunha-talvez-tenha-sido-primeira-vitima-colateral-do-atentado-de-barcelona/ O desejo de independência da Catalunha talvez tenha sido a primeira vítima colateral do atentado de Barcelona 2017-08-20
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