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Por Redação O Sul | 8 de setembro de 2018
Um empresário russo exilado no Reino Unido que foi assassinado por estrangulamento em sua residência de Londres em março foi vítima de uma tentativa de envenenamento prévia por parte de dois compatriotas, informou neste sábado (8) o jornal britânico The Guardian.
Segundo o jornal, a polícia, que ainda não identificou os culpados pelo estrangulamento de Nikolai Glushkov em 12 de março, investiga agora esse possível envenenamento, supostamente ocorrido em novembro de 2013 em um hotel de Bristol (oeste inglês). As informações são da agência de notícias Efe.
Na ocasião, o próprio Glushkov, parte de um grupo de exilados russos críticos ao Governo do presidente Vladimir Putin, contou aos serviços de emergência que o atenderam no quarto do hotel que acreditava ter sido envenenado por dois russos com os quais tinha bebido champanhe nesse mesmo dia.
No entanto, no momento a polícia não deu a devida atenção a essa possibilidade, aponta o The Guardian, que recolhe o testemunho do funcionário da saúde a quem a vítima relatou o ocorrido.
Exilado
Exilado no Reino Unido em 2010 após cumprir pena na Rússia, Glushkov era amigo do oligarca russo Boris Berezovsky – outro fugitivo do Governo de Putin –, de cuja morte por aparente suicídio em 23 de março de 2013 acusou publicamente Moscou.
O assassinato do ex-diretor da companhia aérea russa Aeroflot em Londres aconteceu oito dias depois que em 4 de março o ex-espião russo Sergei Skripal e sua filha Yulia foram envenenados com o agente nervoso Novichok em Salisbury, um ataque que o Governo britânico atribui ao Kremlin.
Outras três pessoas foram intoxicadas acidentalmente com a mesma substância, uma das quais morreu em 8 de julho.
Dois suspeitos
Na quarta-feira, a polícia britânica disse que tinha identificado dois suspeitos do envenenamento dos Skripal como os agentes do Serviço de Inteligência Militar de Rússia (GRU) Alexander Petrov e Ruslan Boshirov, embora esclareceu que possivelmente sejam nomes falsos.
A primeira-ministra, Theresa May, declarou na Câmara dos Comuns que “quase seguro” a operação foi aprovada “ao mais alto nível do Estado russo”.
O caso Skripal lembra outro ocorrido no Reino Unido, quando o também ex-agente secreto russo Alexander Litvinenko morreu em 23 de novembro de 2006 depois de ser envenenado com polônio 210 radiativo, crime do qual as autoridades britânicas acusaram os serviços secretos russos e o Kremlin.