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Por Redação O Sul | 23 de junho de 2018
Quem acompanhou o processo adianta que Antonio Palocci não fez a “delação do fim do mundo”. Motivo: nos acordos fechados com a PF (Polícia Federal), os benefícios só são concedidos depois de comprovadas as informações. O que o obriga a contar apenas o que pode realmente provar.
Há uma disputa entre a Polícia Federal e o Ministério Público Federal em torno da competência dos órgãos para tratar de colaborações. O Supremo Tribunal Federal, no entanto, decidiu na quarta-feira que a PF e as polícias civis estaduais podem firmar acordos de delação premiada com investigados, mesmo sem a anuência do Ministério Público – 8 dos 11 ministros votaram nesse sentido.
Palocci foi condenado pelo juiz Sérgio Moro em junho do ano passado a 12 anos de prisão por lavagem de dinheiro e corrupção passiva. Em ações da Lava-Jato já em curso, o petista já prestou depoimentos em que confessou crimes e revelou suposto “pacto de sangue” do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o empreiteiro Emílio Odebrecht.
A Lava-Jato apreendeu R$ 70 milhões de Palocci. Investigadores informaram que ele vai sair com R$ 35 milhões, ou seja, a Justiça deverá manter o confisco de apenas metade daquele montante.
Em interrogatório no âmbito de ação penal em que Lula responde por supostas propinas de R$ 12,5 milhões da Odebrecht, Palocci confessou negociar propinas em 2010, quando teria sido acertado um pacto de R$ 300 milhões em corrupção ao PT.
Outra sinalização do acordo foi a carta de desfiliação do PT, redigida de próprio punho e divulgada em setembro de 2017, em que incriminava Lula e a ex-presidente Dilma Rousseff.
“Não posso deixar de registrar a evolução e o acúmulo de eventos de corrupção em nossos governos e, principalmente, a partir do segundo governo Lula”, escreveu.
A colaboração deve fortalecer as acusações contra Lula, condenado e preso na Lava-Jato, e abrir frentes de investigação ligadas aos setores financeiro e automobilístico, além do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Homem de confiança dos dois governos petistas, Palocci buscou a PF após sua negociação com o Ministério Público Federal não avançar.