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Por Redação O Sul | 30 de maio de 2017
A defesa do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega entregou à Justiça nessa segunda-feira um documento no qual reconhece a existência de uma conta não declarada na Suíça, com um saldo de 600 mil dólares. De acordo com a petição, o dinheiro foi obtido com a venda de um imóvel que pertencia à família e não ao suposto recebimento de propina.
No mesmo documento, o ex-ministro dos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff argumentou que a conta bancária foi aberta antes que ele assumisse o cargo de titular da Fazenda, em 2006. Ele também abriu mão do sigilo fiscal e repassou às autoridades os dados da conta bancária no país europeu. Ainda de acordo com o advogado de Mantega, ele não espera ser perdoado pelo “erro fiscal” de não ter declarado essa conta no exterior.
“O ex-ministro Guido Mantega aproveita, outrossim, para esclarecer que não espera perdão nem clemência pelo erro que cometeu, ao não declarar valores no exterior. Ele reitera, no entanto, que jamais solicitou, pediu ou recebeu vantagem de qualquer natureza como contrapartida ao exercício da função pública, conforme poderá inclusive confirmar o extrato da conta, documento que o peticionário se compromete a apresentar tão logo o obtenha da instituição financeira”, ressalta o advogado.
Alvo da Lava-Jato
O ex-ministro da Fazenda foi alvo da 34ª fase da Operação Lava-Jato, deflagrada na manhã de 22 setembro de 2016 e batizada de Arquivo X – na ocasião, ele chegou a ser preso no início daquela manhã no Hospital Albert Einstein, onde estava para acompanhar a esposa (que sofre de câncer), mas a prisão foi revogada no início da tarde, o que não evitou que fosse levado pela PF (Polícia Federal) em condução coercitiva para prestar depoimento. Além do ex-ministro, o empresário Eike Batista foi detido na mesma força-tarefa.
Ele é suspeito de ter solicitado pagamentos a campanhas do PT em 2012. O inquérito ainda está correndo na PF mas não há um processo aberto contra ele. Ainda de acordo com o MPF, o dinheiro teria sido repassado ao casal de marqueteiros João Santana e Mônica Moura, que aderiram a acordo de delação premiada com o MPF (Ministério Público Federal). A solicitação, conforme as investigações do MPF, teria sido feita por Mantega em novembro de 2012.
Atuação nos governos petistas
Com a posse de Lula, Mantega – que é italiano de nascimento – assumiu o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, sendo depois transferido para a presidência do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), após a renúncia de Carlos Lessa.
Em 27 de março de 2006, assumiu a pasta da Fazenda, substituindo Antonio Palocci. A revista Época o considerou um dos 100 brasileiros mais influentes, três anos depois.
Governo Dilma
Em 24 de novembro de 2010, ele foi indicado para continuar no cargo de ministro da Fazenda durante o governo da presidenta eleita, Dilma Rousseff, sendo o primeiro ministro confirmado da gestão da petista.
Em 27 de novembro de 2014, a chefe do Executivo anunciou que Mantega deixaria o cargo de ministro da Fazenda, nomeando Joaquim Levy em sua substituição.