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Política O ex-ministro José Dirceu admitiu que pode ficar para sempre na prisão e revelou a rotina do cárcere, da faxina com Eduardo Cunha à conversa com Antonio Palocci

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Por seus próprios cálculos, ele pode entrar na cadeia para só sair morto. "É uma hipótese", admite. (Foto: Reprodução)

O ex-ministro José Dirceu, 72 anos, teve seus recursos negados na quinta  pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) e pode ser preso a qualquer momento por ordem do juiz Sergio Moro. Por seus próprios cálculos, ele pode entrar na cadeia para não sair nunca mais. “É uma hipótese”, admite.
Com uma “tosse nervosa” e os olhos inchados por causa de uma operação que fez nas pálpebras – entre outras coisas, para enfrentar a fraca luz da prisão e manter o hábito da leitura.

“O país vive uma situação de insegurança e instabilidade jurídica, de violação dos direitos e garantias individuais. O aparato judicial policial se transformou em polícia política.  Como a minha vida é o PT e o projeto que o Lula lidera, eu tenho que me preparar para continuar fazendo política. Eu não posso me render ao fato de que vou ser preso”, disse Dirceu.

Sobre a questão de só sair morto da cadeia, o petista afirma que “não muda nada”. “Preso ou aqui fora, vou fazer tudo o que eu fazia: ler, estudar e fazer política. Eu tenho que cumprir a pena. Eu não posso brigar com a cadeia. O preso que briga com a cadeia cai em depressão, começa a tomar remédio.
Os presos antigos, de forma jocosa mas a sério, quando veem um de nós não aceitando… porque é duro perder a liberdade. Quer dizer, não perde porque não perde a liberdade de criar, de pensar, e também não perde o afeto, o amor. Milhões de pessoas vivem numa condição subumana por causa da pobreza, da exploração. E criam, né? Fazem música, arte, criam os filhos, batalham.”

“Eu cheguei muito deprimido no CMP [Complexo Médico Penal de Pinhais, em Curitiba]. A minha filha estava denunciada – depois ela foi inocentada –, o meu irmão estava preso. Eu tomava indutor do sono. Mas logo parei. Fui buscar emprego na biblioteca. Li cem livros no um ano e nove meses em que fiquei lá”, afirmou.

Para o ex-ministro a convivência com Eduardo Cunha era “normal”. “Você está preso. Convive com [condenados pela lei] Maria da Penha, com um pedófilo condenado a cem anos de prisão. Ele é o chefe de um setor. É uma pessoa normal, quieta. A primeira reação é “não vou falar nunca com ele”. Depois de três anos… não adianta. Tem que falar. Lá tá todo mundo na mesma merda, entendeu? Há uma solidariedade. ‘Vamos evitar que o velhinho pegue sarna, vamos limpar a cela dele, vamos levar ele para tomar banho’. Se contamina uma cela, pode contaminar todas as 32 celas da galeria, com sarna, com pulga. Temos que cuidar para que todo mundo ferva a água”, dizendo da rotina da cadeia.

Dirceu também ressaltou a disciplina de Cunha. “Ele é muito disciplinado. Dedica uma parte do tempo para ler a Bíblia, frequenta o culto. Conhece a Bíblia profundamente. E em outra parte do tempo se dedica a ler os processos. É uma convivência normal. Vamos limpar os banheiros? Vamos. Vamos lavar os corrimões? Vamos. Tem que limpar o xadrez todos os dias, lavar as portas e a galeria, para evitar doenças. Nós ficamos na sexta galeria, [que abriga] os presos da Lava-Jato, Maria da Penha, advogados, empresários, alguns condenados por crimes sexuais. São 60 presos, separados dos 700 [do complexo penal].”

Rotina

“Ficamos [mais tempo] trancado quando tem rebelião no sistema porque se tem em uma cadeia pode ter na outra. No dia a dia, levantamos às 6h30min. Os carros chegam entregando o café da manhã. São muito barulhentos. Todo mundo acorda. Aí sai da cela. Quem tem que trabalhar vai trabalhar.
Às 11h30min, chega o almoço. Tudo lá é simples, mas honesto. A comida é simples – de pensão, de quartel –, mas honesta. A roupa de cama é simples, mas honesta. Às 13h30min, alguns presos vão ao médico, outros ao parlatório [falar com os advogados]. Todos podem ir na biblioteca retirar um livro.
Desce no pátio duas horas por dia para jogar futebol e tomar sol. E volta. Desce uma vez por semana para ver a família. E volta. Por três, quatro, dez anos, você passa a maior parte do tempo numa galeria de 120 m por 30 m com várias celas. Essa é a realidade do preso”, salientou.

O petista também falou da pouca convivência com Antonio Palocci. “Estive com ele uma só vez, na Polícia Federal. Foi quando ele me disse – ele usou esta expressão: ‘O Leo [Pinheiro, ex-executivo da OAS] vai salgar o Lula [o empreiteiro revelou à Justiça que pagou a reforma do tríplex do petista]’. E me disse que ele mesmo ia relatar, em depoimento, como era o caixa dois no Brasil. Deu a entender que ia falar do sistema bancário, eu entendi que ia falar da TV Globo”, confirmou.

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