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| O ex-presidente da empreiteira Andrade Gutierrez tenta superar a Operação Lava-Jato e busca deslanchar a sua carreira de investidor e consultor empresarial

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Otávio Azevedo é ex-presidente da Andrade Gutierrez. (Foto: Reprodução/YouTube)

Era sábado de carnaval, mas a festa seria discreta no edifício Caroline, no bairro paulistano da Vila Nova Conceição. No nono andar, Otávio Azevedo, ex-presidente da holding Andrade Gutierrez, um dos maiores grupos empresariais do País, aguardava a chegada de amigos e familiares que há oito meses não via.

Percorrera de carro na véspera os cerca de 400 quilômetros que separam o Complexo Médico Penal, em Pinhais (PR), da Zona Sul de São Paulo. Estava, enfim, em casa. E ela estava preparada. Naquela manhã, canapés e bebidas circulavam pelo apartamento, decorado com arranjos de flores e um Otávio de papelão em tamanho natural. Havia motivos para celebrar.

A tensão voltou, contudo, na quarta-feira de cinzas daquele fevereiro de 2016, quando a Polícia Federal o levou de volta à prisão por decisão do juiz Marcelo Bretas, do Rio de Janeiro. Após dois dias, Otávio pôde voltar definitivamente ao edifício Caroline, mas não havia clima para festa. À frente de um conglomerado com receitas de R$ 15 bilhões e um dos homens mais poderosos do País antes de a Lava-Jato chegar, Otávio colocou sua tornozeleira eletrônica e submergiu na prisão domiciliar – com a esperança, porém, de se refazer.

Livre do monitoramento desde dezembro do ano passado e em fase final de cumprimento de pena, Otávio está agora determinado a voltar ao mercado. A condição de delator e ex-presidiário não o desanima. Oficialmente, ocupa-se de tarefas burocráticas num cartório da Justiça Federal em São Paulo, função que cumprirá como parte de sua pena até 2019. Paralelamente, porém, movimenta-se para deslanchar sua carreira de investidor e consultor empresarial – ou advisor, no jargão do mercado.

Tem circulado por escritórios de São Paulo, reavivando os antigos contatos. E não para de maquinar operações, segundo relato de pessoas próximas e investidores que estiveram com ele nos últimos meses. Procurado, Otávio Azevedo não quis dar entrevista.

Em fevereiro deste ano, viajou para Londres com a ideia fixa de falar com investidores e montar um fundo de private equity. Quer ter parceiros para comprar empresas no Brasil. Um dos focos de sua atenção foi a empresa de call center Contax, rebatizada de Liq, que pertencia à Oi nos tempos em que a Andrade Gutierrez era sócia da operadora.

Uma fonte próxima ao empresário conta que ele chegou a sondar a empresa. O plano era reunir investidores dispostos a adquirir com ele a companhia, que foi uma das maiores do mundo no setor, mas passou por várias reestruturações financeiras e tem dívida hoje de cerca de R$ 1,5 bilhão. Há receio dos possíveis investidores de se aliar, nesse momento, a Otávio numa empreitada empresarial. Procurada, a Liq informou, em nota, que “tem capital aberto e disperso. Por isso, suas ações podem ser adquiridas por qualquer pessoa física ou jurídica”.

Dificuldade

Talento e experiência não faltam a Otávio, dizem amigos e executivos que já trabalharam com ele. Mas, diante da exposição da Lava Jato e dos crimes confessados na condição de colaborador, a tarefa de se recolocar no mercado não será fácil. “Ele não se convence de que é ótimo nos negócios, mas, ao menos no momento, sua imagem ainda é muito tóxica, é uma pena”, diz um colega, que falou sob reserva.

Aos 67 anos, Otávio, pai de quatro filhos, ressente-se da distância de alguns que se diziam seus amigos nos tempos em que comandava a Andrade Gutierrez e das muitas portas ainda fechadas. Reclama com frequência disso. Mas acredita que é questão de tempo para mudar sua imagem.

O que o move, diz um amigo, é o desejo de que sua trajetória profissional não seja, ao fim, definida pelos episódios revelados pela Lava-Jato. Poderia, ao fim da pena, viver em Lisboa, onde tem há anos apartamento. Segue, porém, disposto a refazer a vida no Brasil.

Para essa tarefa, além dos encontros, chegou a acalentar a vontade de lançar um livro com relatos de experiências vividas e correspondências de seu tempo no cárcere.

Durante o período em que ficou preso em Curitiba, sua mulher, Adriana, contatou amigos e executivos do conglomerado para que enviassem cartas de apoio ao marido, que estava deprimido. Um ex-funcionário de alto escalão da Oi foi um dos procurados, mesmo, segundo ele, não sendo tão próximo a Otávio. As centenas de correspondências foram cuidadosamente guardadas em pastas pelo ex-presidente da Andrade, que costumava mostrá-la aos amigos que o visitavam logo após deixar a prisão.

Ninguém próximo aposta, no entanto, que a publicação, caso chegue a se concretizar, venha a trazer revelações danosas aos antigos patrões.

 

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