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Por Redação O Sul | 28 de julho de 2017
O depoimento do ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras Aldemir Bendine foi marcado para segunda-feira (31). A delegada da PF (Polícia Federal) Renata da Silva Rodrigues também está programando para o mesmo dia os depoimentos de André Gustavo Vieira da Silva e Antônio Carlos Vieira da Silva, supostos operadores financeiros.
“Na data de ontem [quinta-feira-27], foram também cumpridos os mandados de prisão temporária de Antônio Carlos Vieira da Silva Júnior, André Gustavo Vieira da Silva e Aldemir Bendine, os quais serão ouvidos em 31 de julho de 2017, uma vez que imprescindível processamento ao menos parcial do material arrecadado”, afirmou a delegada.
Os três foram presos na quinta-feira (27), na Operação Cobra, 42ª fase da Lava Jato. Bendine é suspeito de receber 3 milhões de reais em propina da Odebrecht.
A expectativa é que Bendine irá responder a todos os questionamentos da Polícia Federal. No pedido ao juiz Sérgio Moro para que reconsidere a ordem de prisão contra Bendine, seus advogados, os criminalistas Pierpaolo Bottini e Cláudia Vara San Juan Araújo, afirmaram que a “liberdade dele em nada compromete as investigações ou a colheita da prova do inquérito policial”. Eles afirmam que Bendine não recebeu a propina de 3 milhões de reais da empreiteira.
“Ele prestará seu depoimento e esclarecerá à autoridade policial tudo quanto for perguntado”, garantiram os advogados
Aldemir Bendine presidiu a estatal petrolífera entre 6 de fevereiro de 2015 e 30 de maio de 2016. Antes de assumir o cargo, foi presidente do BB (Banco do Brasil) entre 17 de abril de 2009 e 6 de fevereiro de 2015.
A força-tarefa da Lava-Jato afirma que Aldemir Bendine pediu propina de 17 milhões de reais à época em que era presidente do BB, para viabilizar a rolagem de dívida de um financiamento da Odebrecht AgroIndustrial.
Os delatores Marcelo Odebrecht e Fernando Reis, da Odebrecht, teriam negado o pedido de solicitação de propina porque entenderam que Bendine não tinha capacidade de influenciar no contrato de financiamento do banco.
Os procuradores apontam que, após deixar o cargo no banco, na véspera de assumir a presidência da Petrobras, em 6 de fevereiro de 2015, Bendine e um operador financeiro seu novamente solicitaram propina a Odebrecht e a Fernando Reis.
O pedido teria sido feito para que o grupo empresarial não fosse prejudicado na estatal e também em relação às consequências da Lava Jato.
Os delatores relataram que, em decorrência do novo pedido e com receio de ser prejudicada na estatal petrolífera, a Odebrecht optou por pagar a propina de 3 milhões de reais.
O valor foi repassado em três entregas em espécie, no valor de 1 milhão de reais cada, em São Paulo. Esses pagamentos foram realizados no ano de 2015, nas datas de 17 e 24 de junho e 1° de julho, pelo Setor de Operações Estruturadas.
Em 2017, um operador financeiro que atuava junto a Bendine confirmou que recebeu a quantia de 3 milhões de reais da Odebrecht, “mas tentou atribuir o pagamento a uma suposta consultoria que teria prestado à empreiteira para facilitar o financiamento junto ao Banco do Brasil”, segundo a força-tarefa da Lava-Jato.
Os investigadores dizem que a empresa utilizada pelo operador financeiro era de fachada.
“Não foi apresentado nenhum material relativo à alegada consultoria e não foi explicado o destino de valores, a forma oculta do recebimento, a ausência de contrato escrito para serviços de valor milionário e o motivo da diminuição do valor de tais serviços, que inicialmente seriam, conforme reconhecido pelo próprio operador, de 17 milhões de reais, para 3 milhões de reais”, afirma a Procuradoria.
“Buscando dar aparência lícita para os recursos, o operador financeiro, após tomar ciência das investigações, efetuou o recolhimento dos tributos relacionados à suposta consultoria, cerca de dois anos após os pagamentos, com o objetivo de dissimular a origem criminosa dos valores. Há indícios que a documentação também foi produzida com intuito de ludibriar e obstruir as investigações.” (Julia Affonso e Fausto Macedo/AE)