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Por Redação O Sul | 23 de março de 2018
Pedro Pablo Kuczynski (PPK), que renunciou à presidência do Peru na última quarta-feira (21), ameaçou voltar atrás em sua decisão e passar por um extenso processo de impeachment, se o Parlamento aprovar um texto que o declara traidor da pátria.
Em sua conta no Twitter, Kuczynski afirmou: “Inaceitável a proposta de resolução legislativa do Congresso que tenta apresentar como vacância uma renúncia. Se for assim, retiro minha carta e me submeto ao procedimento regular de vacância no qual exercerei meu direito de defesa”.
O texto da resolução que circula pela imprensa local e cuja existência foi confirmada pelo presidente do Parlamento, Luis Galarreta, informa que Kuczynski “traiu o país no desempenho dos cargos públicos que ele exerceu durante toda a sua vida”.
Galarreta, do Força Popular, maior partido de oposição, disse à rádio local RPP que “qualquer erro que este projeto tenha será corrigido”.
O sucessor de Kuczynski, Martín Vizcarra, no entanto, tomou posse da presidência nesta sexta-feira (23).
Vizcarra, um engenheiro civil de 55 anos, jurou diante do Congresso após às 13h locais (15h, pelo horário de Brasília-DF), em uma cerimônia na qual o chefe do Legislativo, o opositor Luis Galarreta, colocou a faixa presidencial.
No seu solene discurso perante o Congresso, Vizcarra abordou diretamente a questão da corrupção generalizada e as práticas desonestas que marcaram o final da presidência do seu predecessor, Pedro Pablo Kuczynski, assim como a inimizade e a disputa entre os poderes do Estado.
Pediu que seu governo que começou nesta sexta marque um “ponto final” nessa época e que inicie uma “refundação institucional do país onde a democracia e o respeito pelo país sejam bandeiras”.
“A Justiça deverá atuar com independência, responsabilidade e rapidez, mas, ao mesmo tempo, o que aconteceu deve marcar o ponto final de uma política de ódio e confronto, de uma política de ódio e confronto que só prejudicou o país”, declarou o presidente depois de assumir o cargo.
Vizcarra já foi chefe do governo regional do Estado de Moquegua (2011-2014), região mineradora do Sul do Peru marcada por desigualdades. Era até então o primeiro vice-presidente e embaixador do Peru no Canadá.
Renúncia de PPK
Após meses com o mandato ameaçado devido aos vínculos de empresas ligadas a ele com a construtora Odebrecht, Kuczynski jogou a toalha na quarta-feira, um dia antes de se submeter a um processo de impeachment no Congresso.
Sua saída foi precipitada pela divulgação de vídeos, insinuando que seu governo estava tentando comprar votos de congressistas para se manter no poder.