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Cinema O filme “O Paciente” expõe a agonia de Tancredo Neves, o presidente do Brasil que não conseguiu tomar posse

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No filme 'O Paciente', Othon Bastos faz Tancredo e Ester Góes, Risoleta. (Foto: Divulgação)

Mariza Leão filmava no exterior quando chegou à produtora Morenas Filmes, enviado pelo autor, o livro O Paciente – O Caso Tancredo Neves, de Luís Mir. O livro ficou jogado em cima da mesa, até que Sergio Rezende, que não acompanhava a mulher, resolveu folheá-lo. Não largou mais. Como todo o Brasil, Rezende acompanhou o caso do presidente eleito que não chegou a tomar posse. O livro não romanceia a história. Mir teve acesso aos arquivos dos hospitais de Brasília e São Paulo em que Tancredo esteve internado. Foi aos documentos. Prontuários. Seguiu o dia a dia do paciente. Rezende ficou fascinado. Começou a achar que aquilo dava filme.

E deu

O Paciente estreou em 75 salas. Não é um lançamento grande. É médio. Privilegia as capitais. Tancredo pautou sua vida política como um moderado negociador. No Brasil polarizado de 2018, seu exemplo aponta um caminho do meio. O próprio Rezende pergunta – “Nesse quadro político, a quem o filme interessa? Nenhum partido nem candidato vai poder se apropriar dele. É um thriller médico, não político”. O Paciente recria a sucessão de erros médicos que levou à morte de Tancredo, em 1985. É verdade que eles começaram pelo próprio paciente.

Após a derrubada na campanha das Diretas-Já no Congresso, Tancredo construiu sua vitória do Colégio Eleitoral, pelo voto indireto. Ele sabia das restrições dos militares a seu vice, José Sarney, a quem consideravam traidor. Temia que o presidente militar, João Figueiredo, não o empossasse. Por isso, quando as dores que sentia se tornaram insuportáveis, Tancredo exortou os médicos que o assistiam em Brasília a sedá-lo, para minimizar a dor. Só pedia um ou dois dias, até a posse. A situação evoluiu da pior forma possível. Erros da equipe do Hospital de Base, em Brasília. Erros que continuaram no hospital em São Paulo e que terminaram em morte.

Como diretor de filmes grandes que investigam a história – Lamarca, Canudos, Salve Geral, etc. -, Rezende sabia o filme que queria realizar. “O Othon (Bastos), que faz Tancredo, ao ler o roteiro disse que os médicos eram os protagonistas. Eu retruquei. Eles podem ser os protagonistas da trama, mas não do drama.” O drama é o de Tancredo. “Não pense em termos de política. Pense num estudante que ganhou uma bolsa no exterior e, na véspera de partir, cai doente e corre para o hospital. Pense num jogador, no Fenômeno, às vésperas de um jogo decisivo. Qualquer pessoa que, a um passo de alcançar tudo aquilo por que lutou, tomba vítima de uma sucessão de erros. O drama de Tancredo expõe a fragilidade do humano.”

E Sergio Rezende continua – “Embora eu diga que o filme não é político, partidário, ele começa e termina com o povo nas ruas, e isso é político. Tancredo uniu o Brasil nas Diretas-Já e no seu funeral.” Por isso mesmo, ele diz – “Fiz filmes que foram elogiados, criticados. Filmes dos quais as pessoas gostaram, ou que odiaram. Mas confesso que nunca fiz um filme que tenha revelado esse apelo emocional. Mostramos O Paciente em pré-estreias em São Paulo, no Rio, em Belo Horizonte. Agora mesmo – Rezende conversou com o repórter ontem, 12, à tarde, pelo telefone – vim de uma sessão para estudantes. E as pessoas choram, as pessoas se emocionam. Todo mundo conhece uma história parecida, de gente que lutou e esteve por um triz de alcançar. De gente que tombou vítima de erros médicos.”

Justamente por nomear todos os médicos que erraram – e mostrá-los muitas vezes demasiado humanos, na sua vaidade -, Rezende não teme processos? “O livro é de 2010 e não gerou processo algum. Quando disse que ia fazer o filme, um advogado de Brasília ameaçou me processar, mas não foi adiante. Luís Mir documentou-se muito. O filme só ficcionaliza ao dramatizar as cenas, os diálogos que não estão nos prontuários. Tudo isso aqui é verdadeiro, a trama e o drama. O filme mostra o fim de alguma coisa, mas não é o fim-fim. O sonho não acaba.

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