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Brasil O fundador da Embraer, Ozires Silva, avaliou o acordo com a Boeing: “Os fracos não vão sobreviver”

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Procuradoria quer garantias da manutenção do nível de empregos no Brasil no acordo entre as fabricantes de aeronaves. (Foto: Reprodução)

O fundador e primeiro presidente da Embraer, o engenheiro aeronáutico Ozires Silva falou em entrevista ao portal de notícias G1 sobre o acordo com a americana Boeing. Apesar de reconhecer que qualquer negociação impõe riscos, para ele, o medo não pode frear as possibilidades de crescimento. Ozires defende que a privatização foi crucial para a sobrevivência da companhia e, agora, tornar a Embraer forte pode assegurar o futuro.

1) Como foi o processo de privatização? Foi positivo na sua avaliação? [a companhia foi privatizada em 1994]

No fundo uma companhia é feita com a força do trabalho, produtos, capacidade de competir e produtos aceitos no mercado internacional. Então o que aconteceu naquela época foi que houve uma crise muito grande em 1989, 1990, quando uma crise de mercado começou. Por outro lado, a legislação no Brasil, nossas leis de modo geral enferrujam, ficaram recebendo emendas o tempo inteiro e acabam piorando nossa atuação, foi o que aconteceu.

Na época tomamos uma decisão muito corajosa, muita gente foi contrária: o Sindicato dos Metalúrgicos da região foi absolutamente contra, mas sem dúvida, acho que tínhamos razão. Na realidade, assim como na democracia, a voz do povo supera a do governo e assim acontece na empresa. Ela tem que trabalhar com o mercado, se ele não responde positivamente ao produto, pode ter certeza que vai acabar quebrando.

Se deixássemos a Embraer como estatal em 94, tenho certeza que a Embraer não existiria mais.

2) O clima agora é parecido? [A Embraer e a Boeing negociam a criação de uma joint venture]

Agora foi diferente, o problema foi externo. Acontece que o mercado mundial dos grandes aviões se centrou em duas companhias, sendo a Boeing e Airbus, e ambas têm grande suporte governamental, tanto Boeing dos EUA quanto a Airbus na Europa. São duas companhias muito potentes, porque recebem uma ajuda enorme.

Por exemplo, só a Embraer tem 3,5 mil engenheiros para criar aviões novos, sendo um custo tremendo, dificilmente uma companhia consegue manter. Vemos hoje que o Brasil não tem condições de dar apoio para a Embraer.

Então o que aconteceu quando a Boeing viu que Airbus comprou a nossa maior concorrente no Canadá, a Bombardier? A Airbus abriu mais sua concorrência pro mercado.

Já estamos vendo uma rejeição de aviões muito grandes no mundo. Já pensou um embarque de mil passageiros, a complicação é muito grande, então a Airbus viu a oportunidade de entrar no mercado de aviões menores em milhares de cidades do mundo, já que centenas de cidades é que podem receber os maiores aviões.

Então com essa compra desequilibrou o mercado. A Boeing que há bastante tempo fazia rejeição aos aviões menores olhou pra Embraer e falou: ‘a Embraer já tem esse caminho percorrido, então vamos tentar uma associação com a Embraer’.

Isso está sendo discutido agora mas movido por fatores externos do mercado. As nossas empresas estão distribuídas por diversas cidades do Brasil, tem em Portugal, EUA, Inglaterra e França. A Boeing viu uma grande oportunidade de entrar nesse mercado com um força já existente e reconheceu que temos uma equipe bastante desenvolvida, bem nivelado com o que ela precisa pra dar esse salto pra frente.

3) O senhor está otimista então com o negócio?

Desejo que a população procure entender como as coisas estão funcionando e tenham confiança na capacidade de decisão da Embraer. Estamos conversando com uma empresa extremamente séria, que embora dez vezes maior que a Embraer, é igualmente forte.

O otimista que constrói o mundo. Se você olhar os processos criativos, ninguém sabe se a inovação vai dar certo ou não, mas os corajosos avançam e vencem, como o Steve Jobs fez a Apple, como o Google foi criado. De onde vem tanta informação? A internet começa a falar já sobre inteligência artificial, internet das coisa… Quando poderíamos imaginar que esse pequeno aparelho que você tem no bolso pode ligar pro Japão? Então veja que estamos desenvolvendo com uma velocidade muito grande.

Os fracos não vão sobreviver. Só os fortes e queremos que o Brasil seja um dos fortes.

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https://www.osul.com.br/o-fundador-da-embraer-ozires-silva-avaliou-o-acordo-com-a-boeing-os-fracos-nao-vao-sobreviver/ O fundador da Embraer, Ozires Silva, avaliou o acordo com a Boeing: “Os fracos não vão sobreviver” 2018-07-14
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