Sexta-feira, 19 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 16 de abril de 2017
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
O governador José Sartori começará a semana com a dúvida sobre o rumo que tomarão os deputados federais. A primeira hipótese é de que aprovem logo o projeto que suspenderá o pagamento da dívida do Estado com a União por três anos. O gesto mostraria que a Câmara consegue superar os problemas provocados pelas delações. A outra possibilidade é de que recuem, intimidados pelos efeitos do tsunami. Com o adiamento da votação, o Rio Grande do Sul teria de descer ao subsolo do poço em que está.
MUDANÇA DE HÁBITO
Índio não quer só apito, como diz a marchinha de Carnaval dos anos 60. Para permitir uma obra, os de Roraima exigiram também propina, confirmando que adquiriram vícios do homem branco.
Sobre a história do apito, contam que em visita a uma comunidade indígena, Dona Sarah, esposa do presidente Juscelino Kubitschek, havia levado muitas bugigangas para agradar aos índios. Na hora em que ela tentava colocar um colar no pescoço do cacique, ele teria dito “índio quer apito”. O episódio passou ao anedotário carioca. Em 1961, dois compositores carnavalescos, Haroldo Lobo e Milton de Oliveira, aproveitando que o assunto estava na boca do povo, compuseram o que se tornou um sucesso:
“Ê, ê, ê / índio quer apito / se não der pau vai comer.”
NÃO É NOVELA
Alguns dos acusados, defendendo-se, chegam a dizer que as delações seriam história montada. Para sustentar o enredo, seria preciso contar com a inspiração de Sílvio Abreu, Aguinaldo Silva, Glória Peres, Gilberto Braga e Manoel Carlos, autores consagrados de novelas de televisão.
Os delatores são engenheiros e trapaceiros.
DILEMA DA SAÍDA
O problema do presidente Michel Temer: são tantos os ministros envolvidos que, se pedirem afastamento temporário, o primeiro escalão vai se esvaziar.
Mesmo com o princípio da presunção da inocência, que é uma garantia do Estado Democrático de Direito, os ministros denunciados ficam numa situação constrangedora. Temer mais ainda. Dá para comparar o governo a um automóvel com dois pneus furados, que continua a andar.
CAMPO FÉRTIL
Agora se sabe melhor o motivo pelo qual o Rio brigou tanto para ser sede dos Jogos Pan Americanos, da Copa do Mundo de Futebol e dos Jogos Olímpicos. Tudo isso exigiu muitos contratos para obras e quantidade interminável de dinheiro.
ELES MERECEM
Vai aumentar muito a lista de indicados para o Troféu Omissos da Gestão Pública, a ser entregue no final do ano. Outra taça, para premiar os Coniventes, também será disputadíssima.
RÁPIDAS
* Descobriu-se que a vocação do governador Sartori é ser físico. Para enfrentar os problemas, fala muito em espaço e tempo.
*As delações comprovam: não é possível medir a fome a o apetite pelo poder.
* A política brasileira navega entre a inexistência e a indigência.
* Diário de Notícias, de Lisboa: “Portugal entre os 11 países que vão cooperar na investigação do escândalo Odebrecht.”
* O jogo de boliche, originário da Inglaterra no século 12, inspira agora as delações que derrubam reputações. A Odebrecht tem conseguido sucessivos strikes.
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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