Terça-feira, 23 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 12 de novembro de 2019
O governo do presidente Jair Bolsonaro rejeita a tese de que esteja ocorrendo um golpe na Bolívia e entende que a renúncia de Evo Morales da Presidência do país abre caminho para a preservação da ordem democrática, disse o Ministério das Relações Exteriores em nota divulgada nesta terça-feira (12). As informações são da agência de notícias Reuters.
“O governo brasileiro rejeita inteiramente a tese de que estaria havendo um ‘golpe’ na Bolívia. A repulsa popular após a tentativa de estelionato eleitoral (constatada pela OEA), o qual favoreceria Evo Morales, levou à sua deslegitimação como presidente e consequente clamor de amplos setores da sociedade boliviana por sua renúncia”, disse o Itamaraty na nota.
“A renúncia de Evo Morales abriu caminho para a preservação da ordem democrática, a qual se veria ameaçada pela permanência no poder de um presidente beneficiado por fraude eleitoral. O processo constitucional está sendo preservado na sua integralidade na Bolívia”, acrescentou.
No fim de semana, após a Organização dos Estados Americanos (OEA) apontar indícios de fraudes na eleição que teria reeleito Morales para um quarto mandato seguido, o então presidente boliviano convocou novas eleições, mas acabou por renunciar à Presidência após o comandante do Exército sugerir sua renúncia, alegando que ela era necessária para pacificar o país em meio a protestos violentos.
“O governo brasileiro está pronto a colaborar com as autoridades interinas da Bolívia de modo a contribuir para uma transição pacífica, democrática e constitucional. O Brasil deseja manter e aprofundar sua amizade e cooperação com a Bolívia em todas as áreas”, conclui a nota do Itamaraty.
Evo Morales no México
O ex-presidente da Bolívia Evo Morales pousou no México nesta terça-feira prometendo que vai continuar na política, enquanto em seu país as forças de segurança continham tumultos causados pela renúncia do líder de esquerda e oponentes buscavam um substituto interino para preencher um vácuo de poder.
Agradecendo ao governo do México por “salvar minha vida”, Morales chegou para pedir asilo na nação e repetiu a acusação de que seus rivais o depuseram com um golpe depois que a violência irrompeu na esteira de uma eleição contestada no mês passado.
“Enquanto eu estiver vivo, continuaremos na política”, disse Morales aos repórteres em comentários breves depois de desembarcar de um avião e ser recebido pelo ministro das Relações Exteriores mexicano, Marcelo Ebrard.
Morales defendeu seu tempo no governo e disse que, se tem culpa de algum crime, é de ser indígena e “anti-imperalista”.
Depois ele foi levado em um helicóptero militar, mostraram imagens de televisão. As autoridades mexicanas não disseram onde ele ficará, citando razões de segurança.
Morales chegou em um avião da Força Aérea mexicana depois de partir de Chimore, cidade do centro da Bolívia que é um bastião de seus apoiadores e para onde o primeiro presidente indígena da nação foi quando seu governo de 14 anos implodiu.
A saída de Morales, o último de uma onda de políticos de esquerda que dominou a política da América Latina no início do século, veio depois que a Organização dos Estados Americanos (OEA) declarou no domingo que houve irregularidades sérias na votação de 20 de outubro, o que induziu partidos governistas aliados a um rompimento e o Exército a exortá-lo a renunciar.
Parlamentares queriam aceitar a renúncia de Morales formalmente e começar a planejar a entrada de um líder temporário antes de uma nova eleição, mas seus planos parecem ameaçados, já que o Movimento ao Socialismo (MAS) de Morales disse que boicotará a reunião.
Moradores da capital La Paz, abalada por protestos e saques desde o pleito de outubro, disseram esperar que os políticos consigam restaurar a ordem finalmente.
“A democracia está em risco, e esperamos que isso seja resolvido hoje”, disse Isabel Nadia.
O carismático ex-plantador de coca, de 60 anos, alienou parte de seu eleitorado ao insistir em pleitear um quarto mandato, afrontando os limites de mandato e um referendo de 2016 no qual os bolivianos votaram contra tal possibilidade.