Quarta-feira, 24 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 29 de maio de 2017
Durante as manifestações contra o governo venezuelano, dois funcionários da agência reguladora do setor de telecomunicações ficam de prontidão, à espera de uma ordem para que cortem o sinal da rede privada de TV Globovisión. Eles advertiram à estação que se os choques contra as forças de segurança durante a onda atual de protestos contra o presidente Nicolás Maduro forem transmitidos ao vivo, ou se durante a programação forem pronunciadas palavras como “ditadura” ou “desobediência”, o órgão tirará do ar o canal de notícias.
“A ameaça é diária”, denunciou um empregado da Globovisión. “É a Conatel que decide a cobertura”, acrescentou, referindo-se à Comissão Nacional de Telecomunicações, órgão regulador do setor na Venezuela.
Os atos contra o governo, cuja repressão já deixou mais de 50 mortos, recebem menos cobertura televisiva do que outros momentos de tensão política, devido a uma maior pressão do governo, inclusive sobre canais considerados aliados do regime.
Embora a tensa relação entre o governo venezuelano e alguns setores de mídia remonte ao período do falecido presidente Hugo Chávez, recentemente ficou mais difícil para as redes de televisão informar sobre os protestos. “Estamos sempre avaliando o comportamento da Globovisión e de alguns de seus dirigentes. Às vezes, temos conversas afáveis com seu presidente”, disse o diretor da Conatel, Andrés Méndez.
Nas poucas vezes em que aparecem na Globovisión imagens ao vivo dos protestos, estas não devem durar mais de um minuto e têm que estar acompanhadas de declarações de autoridades oficiais. Já com respeito às demais redes de TV privada do país – Venevisión e Televen – a cobertura sobre as mobilizações é editada para evitar palavras como “repressão” ou imagens que mostrem choques entre manifestantes e a polícia.