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Por Redação O Sul | 24 de junho de 2017
Em visita a Americana (SP) nesse sábado, o governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) confirmou o afastamento dos dois policiais civis que fizeram a escolta do empresário Joesley Batista, na quarta-feira. O dono da JBS/Friboi e delator da Operação Lava-Jato prestou depoimento em Brasília (DF) na ocasião. “Eles estavam na folga, mas é irregular. Já foram afastados das suas atividades e vão responder sindicância e processo administrativo”, afirmou Alckmin.
Segundo o jornal O Globo, na quinta-feira a PF (Polícia Federal) havia autuado os dois policiais, por exercício irregular da profissão, e os chamou para depor. A Lei Complementar 207, de 1979, proíbe que agentes civis exerçam atividade privada de segurança com exceção dos campos de educação e difusão cultural.
Joesley Batista foi até a Superintendência da PF em Brasília, onde foi ouvido sobre supostas irregularidades na concessão de financiamentos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) à empresa J&F, controladora da JBS. Ele deixou a PF sem a escolta dos agentes. Os carros usados pelo empresário também foram vasculhados em busca de armas. As encontradas em posse dos policiais estão em situação regular e não devem ser apreendidas.
Operação Bullish
A primeira oitiva, na PF, teve início de manhã e se estendeu até por volta das 17 horas. O empresário falou para os investigadores das operações Bullish e Greenfield. No segundo depoimento, o acionista do grupo J&F foi ouvido pela corregedoria do Ministério Público sobre a suposta corrupção do procurador Ângelo Goulart, preso na Operação Patmos.
Na PF, Joesley cumpriu o mandado de condução coercitiva expedido pela Operação Bullish, em maio, mas que não havia sido cumprido porque ele se encontrava no exterior. A Bullish investiga irregularidades em empréstimos de 8,1 bilhões de reais do BNDES para a JBS. O depoimento foi tomado na Superintendência da PF em Brasília e também teve a participação dos investigadores da Operação Greenfield, que apura aportes de fundos de pensão na Eldorado Celulose, empresa da J&F.
Sobre os crimes apurados na Bullish, Joesley afirmou em delação que o ex-ministro Guido Mantega era seu interlocutor para os assuntos do BNDES, mas que os valores abasteceram uma conta em nome dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, ambos do PT. Segundo o delator, a propina era para agilizar o trâmite das negociações e liberações de valores. Os petistas negam.
Joesley também afirmou em delação que o investimento de 550 milhões de reais dos fundos de pensão Petros e Funcef na Eldorado Celulose rendeu pagamento de propina de 1% para os dirigentes dos fundos e outros 1% para o PT, recebidos pelo então tesoureiro João Vaccari Neto. Os valores eram creditados, segundo o delator, na conta corrente que mantinha com o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega. O caso é investigado na Greenfield.
Nos dois casos, os investigadores tentam aprofundar a investigação para saber se as afirmações de Joesley no acordo de colaboração são verdadeiras. Embora aponte os pagamentos indevidos no caso dos fundos de pensão e no BNDES, o empresário não assumiu na delação possíveis crimes envolvendo as análises financeiras utilizadas como base em aporte dos fundos e as análises de auditorias independentes no caso dos empréstimos do banco estatal. As duas investigações, além da corrupção, apuram possíveis irregularidades praticadas ao longo dos processos internos para liberação dos valores.