Sábado, 20 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 26 de fevereiro de 2018
Sem conseguir sequer votar na Câmara dos Deputados a Medida Provisória 800, um socorro às concessionárias que arremataram trechos de rodovias federais nos leilões realizados na administração da ex-presidenta Dilma Rousseff, o governo avalia agora enviar ao Congresso Nacional um projeto de lei com o mesmo teor da proposta. O objetivo é permitir que os investimentos em duplicação das rodovias, previstos originalmente para o prazo de cinco anos, sejam alongados para até 14 anos. O governo argumenta que, sem as mudanças nos contratos, as rodovias serão devolvidas ou terão as concessões cassadas.
Com forte resistência de deputados contrários à medida, inclusive na base aliada, a Câmara não votou a proposta na semana passada e o texto da MP perdeu a validade ontem. Além disso, a inclusão de um “jabuti” (elemento estranho ao projeto original), irritou alguns parlamentares, que se recusaram a analisar a MP. O artigo inserido no texto a ser votado pretendia prorrogar contratos de portos secos.
Por enquanto, a intenção é encaminhar um projeto praticamente idêntico à MP, mas com uma novidade. O Ministério dos Transportes estuda inserir uma punição às concessionárias que, mesmo socorridas, voltem a atrasar as obras, como caducidade ou declaração de inidoneidade (proibição para contratar com órgãos públicos). É uma tentativa de driblar a resistências dos parlamentares.
Com mais tempo para análise e com mais espaço para alterações, a avaliação hoje é que as chances de aprovação seriam maiores. Essa saída pode, por outro lado, colocar em risco a renegociação dos contratos. A votação, que já sofre resistência política, ocorreria ainda mais perto do período eleitoral e em meio a outras pautas econômicas.
Os ministros Carlos Marun (Secretaria de Governo) e Maurício Quintella (Transportes) chegaram a participar de reuniões, na semana passada, com os partidos da base aliada na tentativa de destravar a votação, mas não houve acordo. Mesmo que fosse aprovada ontem na Câmara, ainda precisaria ter passado pelo Senado no mesmo dia.
O governo Dilma editou a MP 800 com o argumento de que o novo cronograma assegura a manutenção da concessão e dos investimentos, que estão paralisados. O objetivo foi evitar que as concessões de rodovias fossem devolvidas ou cassadas, por causa do descumprimento dos prazos de investimentos. A justificativa para o socorro às rodovias foi a de que os processos para revogar ou devolver concessões são demorados, o que prejudicaria a manutenção e os novos investimentos nas estradas.