Quarta-feira, 24 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 20 de abril de 2019
O governo voltou a estudar a privatização dos Correios. A venda da estatal chegou a ser considerada pelo presidente Jair Bolsonaro durante a campanha eleitoral, mas perdeu força após o início do governo, diante de resistências da ala política. Agora, no entanto, a leitura da equipe econômica é que houve uma mudança de mentalidade em relação ao assunto, segundo fonte do Ministério da Economia.
Os desdobramentos da decisão de Bolsonaro de barrar o reajuste no preço do diesel pela Petrobras teriam causado a mudança de chave. Depois do episódio, o ministro da Economia, Paulo Guedes, buscou convencer o presidente do que considera benefícios de uma menor intervenção do Estado na economia. Isso incluiria o controle dos Correios. Durante a entrevista na quarta-feira (17), Guedes disse que o presidente já via com simpatia privatizações que ainda não estavam no radar.
Durante a campanha, Bolsonaro chegou a dizer que havia uma “grande chance” de o governo se desfazer da estatal. Após a posse do governo, porém, o ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, disse que a venda da empresa – subordinada à sua pasta – não estava na pauta. Recentemente, o vice-presidente Hamilton Mourão chegou a afirmar, quando estava no exercício da Presidência, que “por enquanto” a privatização não estava nos planos.
Saúde financeira pesa
Na avaliação de um técnico da equipe econômica, um dos critérios para escolher as empresas a serem privatizadas é que elas estejam saneadas financeiramente e, portanto, mais valorizadas. O valor arrecadado em cada operação é prioridade para o plano do governo de usar esses recursos para abater a dívida pública. Em 2017, os Correios voltaram a registrar lucro após quatro anos no vermelho, com resultado de R$ 667,3 milhões.
A empresa postal tenta se recuperar de uma crise que se arrasta há anos. Só entre 2015 e 2016, a companhia registrou perdas que somaram mais de R$ 5 bilhões. A estatal ficou marcada por má gestão, queda na qualidade dos serviços e greves. O Postalis, fundo de pensão da empresa, foi alvo de escândalos e de operação da PF (Polícia Federal) no ano passado.
Em entrevista para a revista Veja, o secretário de Desestatização do Ministério da Economia, Salim Mattar, afirmou que o ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, era um dos principais focos de resistência às privatizações no governo. É justamente a esta pasta que os Correios estão atualmente associados.
Mattar, à época, citou a empresa, junto com a EBC, empresa de comunicação, e a EPL, a estatal do trem bala, como um dos exemplos de companhia que precisava ser vendidas mas cuja privatização enfrentava dificuldades. “Setenta por cento da receita dos Correios vem da entrega de pacotes. O Estado é dono de uma transportadora. Isso é absurdo”, disse.