Sexta-feira, 19 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 17 de maio de 2018
Na maior queda desde maio do ano passado, o Ibovespa caiu 3,37 por cento, a 83.622 pontos. A bolsa brasileira fechou em forte queda nesta quinta-feira, conforme a manutenção da taxa básica de juros do País, contrariando expectativas de corte, pressionou ações de consumo e abriu espaço para um ajuste negativo amplo no pregão, endossada pelo viés pessimista em outros mercados emergentes.
O volume financeiro da sessão somou 17,278 bilhões de reais, bem acima da média diária do mês, de 12,6 bilhões de reais. No exterior, o índice MSCI de ações de mercados emergentes caiu 0,95 por cento.
No Brasil, o Copom manteve na quarta-feira a Selic em 6,50 por cento ao ano, justificando que o cenário externo tornou-se mais desafiador e apresenta volatilidade, apesar de reconhecer que a atividade econômica do País perdeu força e o comportamento da inflação continua favorável.
“Parece que este é o piso da Selic e que o próximo movimento, quando acontecer, será de alta”, disse o Itaú Unibanco, em nota a clientes, ainda no final da quarta-feira.
O analista de investimentos da Modalmais, Leandro Martins, destacou que a manutenção da Selic surpreendeu o mercado e atingiu principalmente as ações de consumo e varejo, que vinham se beneficiando do cenário de cortes de juros, mas também contaminando outros papéis.
“A bolsa estava ensaiando uma recuperação, com o Ibovespa tendo tocado na véspera máxima em dois meses…o Copom mudou bem o cenário”, afirmou Martins
O analista da Terra Investimentos, Régis Chinchila, também atribuiu o movimento na bolsa nesta sessão à decisão do BC, destacando que a retomada da atividade econômica ainda é bem lenta e agora ficou sem o instrumento de juros. “O mercado já especula que a Selic pode subir em setembro”, afirmou.
Preocupações com a cena política também respingaram na bolsa, em meio a apreensões sobre eventual avanço do pré-candidato à Presidência da chamada centro-esquerda Ciro Gomes (PDT).
Destaques
B2W e Via Varejo Unit caíram 6,16 e 5,50 por cento, respectivamente, com o setor de varejo e consumo como um todo sofrendo após a decisão do Copom.
A BRF recuou 5,82 por cento, tendo no radar também revisão da perspectiva do rating da empresa de alimentos pela Fitch para “negativa”, enquanto a nota de crédito foi mantida em “BBB-“.
A TIM perdeu 6,36 por cento, com o noticiário da operadora de telefonia incluindo que fechou contrato com a sua controladora, a Telecom Italia, de licenciamento do uso da marca TIM. O presidente da Telecom Italia também descartou qualquer venda da operadora.
A Estácio cedeu 5,75 por cento, mesmo após prorrogação de programa de recompra de ações, em movimento também influenciado pela manutenção inesperada da Selic. Kroton perdeu 5,53 por cento.
O Itaú Unibanco PN caiu 5,23 por cento, em sessão negativa para o setor bancário de modo geral. Bradesco PN cedeu 4,16 por cento.
A Vale recuou 0,93 por cento, contaminada ainda pelo declínio dos preços do minério de ferro à vista na China.
A Petrobras PN caiu 5,26 por cento e Petrobras ON cedeu 4,49 por cento, após forte ganhos recentes que colocaram as cotações nas máximas desde 2010. Investidores seguem atentos ao noticiário relacionado às negociações sobre o acordo da cessão onerosa entre a companhia e a União. O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse que um acordo deve ser concluído na semana que vem.
Eletrobras ON subiu 1,28 por cento, tendo no radar notícia de que o governo pretende se valer de uma norma do regimento da Câmara dos Deputados para acelerar a votação da proposta de privatização da companhia. Eletrobras PNB caiu 1,13 por cento.