Quinta-feira, 28 de março de 2024
Por Redação O Sul | 7 de agosto de 2017
Dicionário Duden traz verbetes como “Emoji”, “Selfie” e “Fake News” em edição atualizada, refletindo avanços tecnológicos, acontecimentos políticos e tendências de estilo de vida. Muitos termos vêm do inglês.O dicionário Duden, considerado o principal guia da ortografia alemã, incluirá 5 mil novos verbetes em sua nova edição, anunciou a editora-chefe da publicação nesta segunda-feira (07/08).
Muitas das novas palavras são de origem inglesa, entre elas Selfie, Selfiestick e Tablet. “É simplesmente um fato que muitas coisas do mundo anglo-saxão aparecem em nossas vidas quando se pensa em desenvolvimento tecnológico, por exemplo”, disse a editora-chefe Kathrin Kunkel-Razum à agência de notícias dpa.
Outros novos verbetes relacionados à tecnologia são liken (verbo derivado de to like, ou curtir, no Facebook), facebooken (usar o Facebook), entfreunden (desfazer a amizade no Facebook), tindern (usar o aplicativo de relacionamentos Tinder) e Emoji. Em alemão, substantivos são grafados em letra maiúscula.
Novos termos emprestados do inglês também refletem tendências de estilo de vida, moda, esporte e cultura popular, incluindo Urban Gardening (jardinagem urbana), low carb (baixo em carboidratos), Roadtrip (viagem de carro) e Work-Life-Balance (equilíbrio entre vida profissional e pessoal).
Entre os 5 mil novos verbetes estão também neologismos e termos relacionados aos acontecimentos políticos e sociais mundo afora, como Brexit (saída do Reino Unido da União Europeia), Flüchtlingskrise (crise de refugiados), Fake News (notícias falsas) e Willkommenskultur (cultura de boas-vindas a imigrantes – termo difundido na Alemanha de Angela Merkel após a crise migratória).
A 27ª edição do Duden será lançada nesta quarta-feira, quatro anos após a última atualização e com um total de 145 mil verbetes. Quando foi publicado pela primeira vez, em 1880, o dicionário continha apenas 27 mil termos. Segundo a editora-chefe, para ser incluída no Duden, uma palavra deve ser usada com frequência.
Filosofar em alemão
Afirmar que “só se pode filosofar em alemão” é comprar polêmica certa. Contudo, é inegável: o idioma permite sintetizar conceitos complexos de forma extremamente específica e concisa. E também ser genialmente maldoso.
Confira:
Weltschmerz – O sofrimento pode ser mesquinho ou altruísta, mas nenhuma de suas formas é tão filosoficamente abrangente quanto a “Weltschmerz” (“dor do mundo”). Cunhado pelo escritor Jean Paul, o conceito diagnostica o pessimismo típico do movimento romântico, uma insatisfação crônica e insolúvel com a condição humana. Um sentimento que parece estar novamente em alta, nos últimos anos.
Luftschloss – Há quem reaja ao pessimismo construindo castelos nas nuvens: “Luftschloss” (“castelo de ar”) significa devaneio, fantasia. Na Alemanha do século 16, “construir um castelo no ar” equivalia a ficar sentado no telhado e sonhar. Para o autor americano Jerome Lawrence, aliás, “neurótico é quem constrói um castelo no ar; psicótico é quem mora dentro; psiquiatra é quem recebe o aluguel”.
Verschlimmbessern – Na política, urbanismo, artes, medidas sociais ou cirurgia plástica, por vezes a emenda é pior do que o soneto. Ativismo cego, associado a ignorância e incompetência, pode acarretar resultados tragicamente agravantes. Em alemão, o paradoxal termo composto “Verschlimmbessern” (“melhorar piorando”) resume esse tipo de boas intenções – das quais, dizem, o inferno está tão cheio.
Futterneid – “Inveja da comida” é observada entre cães: mesmo satisfeito, o animal avança sobre a ração alheia assim que vê um companheiro se alimentar. Contudo, só descobrir que se quer algo quando outro mostra interesse pelo mesmo objeto do desejo também é um defeito demasiado humano. Basta pensar na “Futterneid” de consumidores se digladiando durante uma liquidação. Ou em certas disputas amorosas.
Kummerspeck – Você fica deprimido. Para compensar, passa a comer sem controle. Engorda. Todo mundo nota. Os alemães são capazes de exprimir essa cadeia de ocorrências – a materialização da tristeza em tecido adiposo – numa única palavra: “Kummerspeck” (“banha de aflição”). Um diagnóstico que já vem acompanhado do possível antídoto: uma dose de bom humor e autoironia.
Treppenwitz – Nada como uma boa anedota para animar uma festa e conquistar simpatias, e você acaba de ter a genial inspiração para uma… só que uns minutos tarde demais, sua oportunidade passou. É uma típica “Treppenwitz” (“piada de escadaria”), expressão originada diretamente do francês “esprit d’escalier”, aquele comentário espirituoso que só ocorre ao convidado quando ele já vai descendo as escadas.