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Brasil O incêndio em prédio de São Paulo teve gritos, correria e até portão de saída trancado

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O prédio em chamas desabou ainda na madrugada. (Foto: Corpo de Bombeiros São Paulo)

O barulho de explosões e gritos acordaram muitos dos moradores que escaparam, na correria em busca do portão de saída, que chegou a estar trancado, do incêndio do prédio que caiu em São Paulo. Foram menos de duas horas entre os primeiros relatos de fogo no quinto andar e o colapso total do edifício Wilton Paes de Almeida. O prédio de mais de 20 andares desabou na madrugada do dia 1º em frente ao largo do Paissandu, no centro de São Paulo. Abrigava nos dez primeiros pavimentos 171 famílias. Em meio ao fogo, fumaça e desespero, a maioria conseguiu sobreviver. Os bombeiros localizaram um corpo e buscam cinco desaparecidos.

Assim como outros imóveis, a igreja vizinha também foi atingida. Confira a cronologia e alguns dos relatos recolhidos pelo jornal Folha de S. Paulo.

O início do incêndio

Por volta de 1h15min, Antonio David Pereira, 76, compunha mentalmente uma canção para a igreja que frequenta. Olhava para o teto, deitado na cama cercada pelos tapumes que demarcavam o perímetro de seu cantinho no quinto andar do edifício.

“Pensava na música, nos melhores timbres, quando veio a gritaria”, diz ele, que faz bicos de cobrança para uma ONG. Uma briga teria começado ao lado, segundo Antonio (“como sempre acontecia com aquele casal” de seus vizinhos).

A fumaça começa a invadir seu espaço. Rapidamente as labaredas se alastram e consomem as paredes de madeira.

Na versão da Polícia Militar, o fogo não teve início com a briga relatada pelos moradores, mas foi causado por um curto-circuito em uma tomada daquele andar. “Era fogo de álcool, tenho certeza.”

No piso abaixo, a cabeleireira Thabhatha Marques Freire , 30, olha para um de seus dois celulares antes de dormir. Ninguém precisou avisá-la do incêndio. “Senti o ar quente descendo”, diz ela, que trabalha no programa municipal Transcidadania, voltado a transexuais. Ela então olha em volta. “Já senti o movimento do corredor e as pessoas gritando de desespero.”

Os bombeiros foram acionados à 1h27min, como consta no grupo de WhatsApp que reúne parte do comando operacional da corporação. “20 Vtrs [viaturas] no atendimento, 45 homens”, informaram numa rede social pouco depois.

A desempregada Neuza de Souza, 55, morava no térreo. Sentada em uma cadeira que recolheu da rua, confere o caderno de escola do filho de 15 anos. “Naquele momento escutei um estrondo”, diz Neuza. De repente clareou e escureceu tudo. Caiu a energia do prédio todo, que era precariamente puxada do semáforo da rua.

Outro estrondo. O filho de Neuza desce da beliche. “Mãe, vamos sair fora porque tá parecendo que estão explodindo uma bomba no prédio”.

Antonio David não demorou a descer as escadas, “com as calças na mão”, de cueca mesmo. Só se vestiria completamente já na calçada do centro de São Paulo.

Thabhatha já tinha recolhido os dois celulares e o passe de ônibus, as únicas coisas que salvou além da roupa do corpo. Desce os quatro andares “em segundos”.

A temperatura subia e a fumaça se espalhava pelas escadas e pelo vão do elevador cujo fosso era usado como lixeira.

No térreo, descalço e sem camisa, o filho de Neuza segura a mãe pelo braço, com pressa para ganhar a rua. “Falei: ‘Vou pegar o documento, o RG’. Ele falou: ‘Não, mãe, vamos sair’. Ele entrou em desespero.”

As pessoas gritavam na rua. “Abri a janela e vi o fogo. No começo parecia que era no prédio do outro lado da rua”, diz a baiana Maria da Silva Oliveira. Demorou a perceber a proximidade das chamas. Não esperava o que aconteceu. A expectativa era que o fogo seria controlado.

No prédio de vidro, dona Neuza e o filho, Antonio David, Thabhatha e outras dezenas de moradores encontram o portão de saída trancado.

“Sabe aqueles gritos de pavor?”, lembra Neuza. “O povo já estava descendo pro outro lado, aí vimos o cara com uma barra quebrando um vidro do lado”. Conseguem sair.

A cuidadora Camila Andrade, da janela do apartamento na rua Santa Ifigênia, no quarteirão de trás do prédio de vidro, grava pelo celular uma pessoa acima do quinto andar pedindo ajuda, sinalizando com a luz do celular. Acompanha agentes dos bombeiros na iminência do socorro de Ricardo Oliveira Galvão Pinheiro, conhecido como Tatuagem.

O desabamento

Às 2h50min o prédio cai. Registros do grupo de conversas do WhatsApp dos bombeiros indicam o horário exato. Tatuagem não pôde ser salvo. O corpo encontrado no início da tarde de sexta (4) em meio aos escombros é o dele.

Uma bola de fogo e de fumaça se forma após o desabamento. “Minha mãe ficou sem dormir duas noites depois de ver isso”, diz Camila. Nos dias seguintes a fumaça ainda persistente impede que a família deixe a janela aberta.

O tenente dos Bombeiros André Elias dos Santos chega minutos depois para auxiliar o atendimento à imprensa. “Tinha muita poeira no local, as viaturas estavam todas cinzas, lembrou muito as imagens do 11 de setembro.”

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