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Por Redação O Sul | 9 de dezembro de 2017
O ministro da Defesa do Japão, Itsunori Onodera, informou que o país vai adquirir mísseis de ataque aéreo que terão capacidade para atingir a Coreia do Norte e que serão a arma de maior alcance das forças nipônicas. Segundo ele, o equipamento será usado apenas para a defesa nacional, que mesmo com a compra ainda dependerá dos Estados Unidos para atingir as bases inimigas.
“Estamos planejando introduzir o JSM [sigla para mísseis conjuntos de ataque, em inglês] que serão montados nos caças F-35 como dispositivos que podem ser disparados além do alcance das ameaças do inimigo”, disse Onodera em entrevista coletiva, sem se referir diretamente à ditadura de Kim Jong-un.
De acordo com Onodera, o novo míssil tem origem norueguesa e capacidade para atingir alvos a uma distância de até 500 quilômetros. Atualmente, os militares japoneses contam apenas com mísseis de defesa antiaérea ou antinavio, com alcance máximo de 300 quilômetros.
Como os novos artefatos podem ser instalados em aviões de caça e disparados durante o voo, a capacidade de chegar ao território norte-coreano se torna viável, afinal a distância mínima entre os dois países é de 530 quilômetros.
Onodera disse, ainda, que o país também pretende adquirir outro míssil, identificado pela sigla JASSM-ER, com alcance de até mil quilômetros e que será utilizado nos caças F-15, de fabricação norte-americana e alto poder de manobra e ataque.
Por uma imposição norte-americana de mais de 70 anos, a Constituição Federal nipônica determina que as forças militares do país sejam usadas apenas para autodefesa e proíbe Tóquio de declarar guerra. Esse aspecto está relacionada ao período de sua promulgação: o documento foi elaborado após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), que teve os Estados Unidos entre os vencedores e o Japão entre os derrotados.
O plano de compra das novas armas deve aumentar o debate no país sobre as tentativas do primeiro-ministro Shinzo Abe de reformar a carta para aumentar a capacidade de ataque do arquipélago japonês. A ideia, porém, enfrenta a oposição de parte dos parlamentares e da opinião pública.
Políticos favoráveis a mudança, como Abe e Onodera, citam o aumento das tensões com a Coreia do Norte como principal justificativa para uma possível mudança constitucional. Segundo eles, já está mais do que na hora de contar com capacidade bélica para atacar Pyongyang, caso seja necessário.
Provocação
No final de novembro, a Coreia do Norte testou um novo míssil intercontinental, que teria um alcance de até 12,9 mil quilômetros. Na ocasião, o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, qualificou a operação como um “ato violento e que não pode ser tolerado”.
“Nunca cederemos a qualquer ato de provocação. Vamos maximizar a nossa pressão sobre Pyongyang”, acrescentou Abe, que pediu a realização de um encontro de urgência do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas).
“Ao lançar este míssil, a Coreia do Norte ignorou a vontade forte e unida da comunidade internacional de chegar a uma solução pacífica para a região”, criticou o premiê. Para ele, a comunidade internacional precisa aplicar as sanções “de maneira perfeita e em uníssono” contra a postura ofensiva dos norte-coreanos.
O engenho foi qualificado como “intercontinental” pelo Ministério da Defesa dos Estados Unidos. Antes, o Pentágono já havia estimado que o projétil percorrera cerca de mil quilômetros antes de cair no Mar do Japão. Segundo estimativas militares nipônicas, o artefato caiu provavelmente em uma zona marítima de uso econômico exclusivo do país.