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Por Redação O Sul | 2 de junho de 2018
O novo presidente do governo da Espanha, o socialista Pedro Sánchez, de 46 anos, tomou posse, neste sábado (2), diante do rei Felipe VI e na presença de seu antecessor, o conservador Mariano Rajoy.
Sánchez fez o juramento ao assumir o cargo sem a presença de símbolos religiosos católicos, rompendo uma tradição. Pela primeira vez na história da democracia espanhola, a bíblia e o crucifixo não estavam sobre a mesa para o juramento.
O novo presidente se define como ateu e defende que a Espanha seja um estado laico. Entre outras medidas, Sánchez pretende retirar a obrigatoriedade do estudo da religião da educação pública.
Sánchez tomou posse um dia após ganhar uma histórica moção de censura contra Rajoy.
“Prometo, pela minha consciência e honra, cumprir fielmente com as obrigações do cargo de presidente do Governo, com lealdade ao rei, e guardar e fazer cumprir a Constituição como norma fundamental do Estado, assim como manter o sigilo das deliberações do Conselho de Ministros”, leu Sánchez.
Sánchez, um economista de 46 anos sem experiência de governo, prestou juramento ante o rei Felipe VI no Palacio de la Zarzuela, perto de Madrid.
O líder do PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) foi eleito como novo chefe de governo na sexta-feira após obter o apoio da maioria absoluta do Congresso em uma moção de censura para forçar a saída de Rajoy.
A moção, apresentada há uma semana pelos socialistas após ser conhecida a sentença da Justiça espanhola que condenava o PP por se beneficiar de uma trama de corrupção, foi aprovada por 180 votos a favor, 169 contra e uma abstenção.
Militante socialista desde os 21 anos, Sánchez começou a carreira política como vereador na Câmara Municipal de Madri (2003-2009) e depois chegou ao Congresso dos Deputados, onde já em 2015 se tornou líder da oposição ao governo de Rajoy.
Para derrubar Rajoy, Sánchez organizou uma heteróclita coalizão com a esquerda radical do partido Podemos, os separatistas catalães e os nacionalistas bascos.
Desafios
A situação política na Catalunha é o principal desafio de Sánchez, que também deverá reformar o sistema de financiamento regional, firmar um novo pacto educativo e o orçamento para 2019.
Sobre a relação entre o governo central e a Catalunha, Sánchez terá pela frente um cenário diferente do enfrentado por Rajoy nos últimos meses. Também hoje, o novo governo da Catalunha tomou posse, recuperando o controle das instituições autônomas sete meses depois da intervenção realizada após a declaração de independência.
Durante o debate da moção de censura, Sánchez se mostrou aberto a dialogar com os novos líderes catalães para resolver a questão.
No Congresso da Espanha, o líder do PSOE se comprometeu a abrir uma “nova página da democracia” e fixou como prioridades a estabilidade orçamentária e o compromisso com a União Europeia.
O novo governo, porém, terá minoria no Congresso, com apenas 85 deputados de um total de 350. Sánchez se comprometeu a cumprir o orçamento aprovado pelo antecessor há uma semana e disse que não tem a intenção de revogar tudo o que Rajoy fez até então.
Região da Catalunha também tem novo governante
O independentista Quim Torra tomou posse neste sábado como novo presidente regional da Catalunha, recuperando o controle das instituições autônomas sete meses depois de o executivo anterior ter sido suspenso pelo governo central da Espanha após a declaração de independência.
A posse suspende automaticamente a aplicação do artigo 155 da Constituição da Espanha, que determinava a intervenção do governo central sobre as instituições catalãs. Durante a cerimônia, os novos líderes regionais pediram diálogo ao novo presidente do governo da Espanha, Pedro Sánchez.
O presidente catalão nomeou seu novo governo no último dia 29 de maio. O governo central vetou a primeira composição porque Torra havia indicado duas pessoas presas e dois foragidos, todos envolvidos no processo de independência da região.
A escolha foi classificada pelo então presidente do governo da Espanha, Mariano Rajoy, como uma provocação. O novo governo regional é composto por conselheiros que fazem parte dos dois principais partidos independentistas catalães: o JxCat e o ERC.