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Variedades O mar virou inferno

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Michalis Loizos/Reuters

O inferno existe? “É a velhice”, respondeu Bibi Ferreira. “É o exílio”, disse João Goulart. “É a obrigação de bater ponto”, jurou o funcionário público. “É esperar ônibus em Brasília”, afirmou velho morador da capital. “O inferno são os outros”, sentenciou Sartre.

Será? Quem falou mirou o próprio umbigo. Se a pergunta fosse feita hoje, talvez a opinião fosse outra. “O inferno”, diriam eles, “é o Mediterrâneo.” Pelo mar vão milhares de africanos e árabes. Eles fogem de guerras, perseguições, desabrigo, fome e sede.

Embarcam em navios precários. Sem segurança, apostam na sorte. A morte os espera no meio do caminho. As águas revoltas, além de inferno, se transformam em cemitério. Corpos vão pro fundo e lá ficam. Outros boiam na busca de socorro que tarda e falha.

Nas manchetes

A tragédia virou notícia. Jornais, rádios e tevês falam no assunto. Duas palavras entraram em cartaz. Uma: emigrante. A outra: imigrante. Ambas pertencem à mesma família. É a latina migrare, que significa mudar, passar de um lugar para outro, ir-se embora. Só uma letra as distingue. O “e” e o “i” fazem a diferença.

E = para fora.

I = para dentro.

Quem se despede do próprio país e parte pra outro joga nos dois times. Ao sair, é emigrante. Ao chegar, imigrante. Os africanos emigram da Somália e da Nigéria. Os árabes, da Síria e do Iraque. Eles imigram à Europa. A Itália recebe o maior número de imigrantes. A razão: é a menor distância entre o porto de saída e o de chegada.

Grande família

Os prefixos “e” e “i” aparecem em dois outros verbos da tragédia mediterrânea. Trata-se de emergir e imergir. Quem afunda nas águas profundas imerge. Quem volta à superfície emerge.

Banho

Acredite se quiser. Cleópatra tomava banho de leite de cabra. A rainha do Egito supunha que o líquido branquinho tornava a pele mais mais: mais saudável, mais nutrida, mais bonita. Marylin Monroe apostava no champanhe. O borbulhante, segundo ela, a fazia mais vibrante. Era suficiente. Beleza a estrela tinha pra dar e vender.

Apesar da diferença, Cleópatra e Marylin tinham um denominador comum. Ambas adoravam banho de imersão. Na banheira, imergiam na água, demoravam um pouquinho e emergiam esplêndidas – prontas pra encantar e seduzir.

Carta

“A carta é um telefonema antiquado do tempo em que as pessoas sabiam escrever e ler.” (Eno Teodoro Wanke)

Feliz aniversário

Na terça-feira, Brasília completou 55 anos. Amada pelos moradores, a cidade ganhou homenagens nas ruas, nas praças, nas redes sociais. Não faltaram frases de cumprimentos. A campeã: Parabéns, Brasília. Grande parte delas, talvez 99%, esqueceram pormenor pra lá de importante. Esnobaram a vírgula. Bobearam.

Brasília é vocativo. Elitista, o termo não se mistura nem a pedido dos deuses do Olimpo. Na dúvida, basta antecedê-lo de “ó”. Se o monossílabo couber, dê passagem ao sinalzinho de pontuação: Parabéns, (ó) Brasília. Pra frente, (ó) Brasil. (ó) Brasiliense, vem pra rua também.

Leitor pergunta

Boiuna, o personagem do folclore também conhecido por Cobra Grande, se escreve com acento?

Tarsila Menezes

Boiuna joga no time de feiura, baiuca e Sauipe. Antes da reforma ortográfica, elas tinham acento. Agora não têm mais. Eis a regra: perdem o acento o “u” e o “i” antecedidos de ditongo. “Oi”, de Boiuna; “ei”, de feiura; “ai”, de baiuca; “au”, de Sauipe se pronunciam numa só emissão de voz. Ditongos, formam uma sílaba.

Não se precipite, moçada. A reforma ortográfica só atingiu as paroxítonas. O acento de Piauí permanece. A palavra é oxítona.

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https://www.osul.com.br/o-mar-virou-inferno/ O mar virou inferno 2015-04-24
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