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Brasil Marqueteiro do PT aposta em nostalgia

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Juiz de Fora tem perfil universitário, com longa tradição de movimentos estudantis. (Foto: Lula Marques/Agência PT)

Amigo do ex-governador da Bahia Jaques Wagner, e atuante nas três vitórias consecutivas do PT no Estado nos últimos 12 anos, o publicitário Sidônio Palmeira rejeita o rótulo de marqueteiro. Ao contrário de seus antecessores em campanhas do PT, Duda Mendonça e João Santana que com Nizan Guanaes formam o triunvirato baiano do marketing político, Sidônio é discreto e avesso aos holofotes.

Baiano de Vitória da Conquista, terra de Glauber Rocha, ele comanda a Leiaute Propaganda, que assina a campanha eleitoral de Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Haddad à Presidência da República. Na linha de frente da criação, estão os sócios Carlos Andrade, o “Carlinhos”, e Raul Rabelo. Reforçam o time o publicitário paulista Otávio Nunes, e uma equipe de jovens profissionais de redes sociais.

Em maio, com a mediação de Wagner, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, viajou a Salvador para convidar Sidônio para assumir a criação da campanha de Lula: uma oferta instigante, por se tratar de um candidato preso, e portanto, incomunicável com os eleitores.

No entanto, como havia se comprometido com a campanha à reeleição do governador da Bahia, Rui Costa (PT), os sócios Carlos e Raul foram para o front. Mas Sidônio disse ao Valor que, se não houver mudança na cena eleitoral baiana, e Rui Costa se reeleger no primeiro turno como preveem as pesquisas, ele estará liberado para se juntar ao time no que, provavelmente, já terá se convertido na campanha de Fernando Haddad.

Durante um café na sede da Leiaute, em Salvador, Sidônio, que atua há 30 anos no marketing político, enfatizou – pra começo de conversa – que não é “marqueteiro”, e ressalvou que só faz a campanha “se gostar do candidato”.

Ele observa que não está à frente dos comerciais para internet, e a partir desta sexta-feira, para o rádio e televisão, da campanha de Lula. Mas a criação do conceito e do slogan – “o Brasil feliz de novo” levam a sua digital. A campanha aposta na “saudade” dos eleitores, em tempos de crise, dos tempos de bonança dos governos de Lula de 2003 a 2010.

Refratário aos orçamentos vultosos, Sidônio ajudou o PT a vencer campanhas na Bahia com comerciais baratos, em que usa gente comum no lugar de atores, tomadas de rua no lugar de cenários, e a mensagem direcionada ao desejo popular, porque sabe como poucos decifrar a “alma do povo”. “Ele tem o binômio sensibilidade mais conteúdo político”, traduz Jaques Wagner.

Engenheiro civil de formação, com especialização em marketing na Cidade do México, Sidônio agrega o raciocínio lógico da engenharia, que aplica na interpretação de pesquisas, à capacidade criativa.

Para moldar um candidato, ele recorre, por exemplo, a um estudo da Universidade Sorbonne, segundo o qual os eleitores assimilam pela seguinte ordem os atributos de cada um: em primeiro lugar, a expressão, em segundo, a entonação, e por último, o conteúdo.

Nesse contexto, diz que Haddad “é um bom produto”, porque é “simpático, tem boa entonação e fala direito”. Não tem, contudo, características de Lula e do governador Rui Costa: “cara de povo”. “O Rui tem o fenótipo do povo, já o Jaques Wagner [pele clara, olho azul] é um príncipe de Gales”.

Sobre o deputado Jair Bolsonaro (PSL), que lidera as intenções de voto nos cenários sem Lula, Sidônio diz que ele acertou em cheio na estratégia do “exagero”, a mesma adotada por Donald Trump para vencer a eleição americana em 2016. Após os revezes que sofreu nos debates, como o confronto com Marina Silva (Rede), Sidônio recomendaria a ele se preservar. “É melhor não falar mais para guardar o mito”.

Ele vê a eleição presidencial baseada, essencialmente, na “guerra de versões” entre o PT, com o discurso de que o “golpe” contra Dilma agravou a situação econômica, e todos os outros candidatos. Cada um dos lados tem cerca de 30% do eleitorado definido, enquanto uma mancha de 40% de indecisos dará a palavra final, e tem de ser conquistada até outubro.

Num cenário em que o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, tem mais de 5 minutos de tempo de propaganda, Sidônio alerta que “tempo de TV não é tudo”, e se posiciona contra os programas eleitorais. Segundo ele, “deu no que deu” – as denúncias de pagamento com caixa dois e propina aos marqueteiros, – porque as últimas campanhas eleitorais, orçadas em R$ 100 milhões, foram baseadas em superproduções para o horário eleitoral.

Um desperdício de dinheiro e energia, em sua avaliação, porque o horário eleitoral não marca dez pontos de audiência, enquanto as inserções, que entram ao longo da programação normal, marcam até 40 pontos.

 

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https://www.osul.com.br/o-marqueteiro-do-pt-aposta-em-nostalgia/ Marqueteiro do PT aposta em nostalgia 2018-08-29
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