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Por Redação O Sul | 6 de julho de 2017
Após os Estados Unidos suspenderem a importação de carne fresca brasileira, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento determinou na quarta-feira (5) que frigoríficos só podem comercializar carnes in natura de cortes dianteiros para o país americano se estiverem recortadas em forma de cubos, iscas ou tiras.
Segundo o ministério, o objetivo da medida é facilitar as negociações para retomar as vendas para o mercado americano, já que os americanos são tradicionais importadores de carne industrializada do Brasil. Os EUA tinham passado mais de 10 anos sem comprar carne fresca brasileira e só reabriram o mercado no ano passado.
No próximo dia 13 de julho, membros do Ministério da Agricultura vão se reunir com autoridades sanitárias dos Estados Unidos, em Washington para discutir as medidas de controle adotadas pelo país.
A decisão de suspender as importações foi mais um revés para a indústria de carne, que enfrenta uma sequência de problemas desde o início do ano, que afetam as exportações e o preço dos produtos e comprometem toda a indústria cadeia do setor no Brasil.
Além dos EUA, a autoridade que fiscaliza a qualidade de alimentos na China intensificou nesta semana as inspeções de carnes importadas do Brasil. O gigante asiático adotará medidas se encontrar problemas de segurança alimentar em carnes importadas do Brasil e notificará o público em tempo hábil, informou a Administração Geral de Supervisão de Qualidade, Inspeção e Quarentena, em comunicado enviado à agência de notícias Reuters.
Suspensão
O secretário de Agricultura dos Estados Unidos, Sonny Perdue, anunciou a suspensão da importação de carne bovina fresca vinda do Brasil após o país obter resultados negativos em testes de qualidade da carne brasileira que entra no país. Os Estados Unidos eram um mercado novo para a carne bovina in natura brasileira. O Brasil só conseguiu autorização para exportar o produto para o país no fim de julho do ano passado, após 17 anos de negociações.
Em comunicado, o Departamento de Agricultura norte-americano informou que está testando 100% da carne brasileira que entra nos EUA. Nesses testes, 11% dos produtos de carne fresca brasileira importados foram rejeitados.
“Esse resultado está substancialmente acima do que a taxa de rejeição de 1% das entregas vinda do resto do mundo”, disse o departamento de agricultura americano, em comunicado.
O presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadores de Carnes (Abiec), Antonio Jorge Camardelli, disse que o problema se deve a uma reação da vacina de febre aftosa. Os componentes do medicamento provocaram abscessos na carne.
Alguns são visíveis e foram retirados pelos fiscais sanitários brasileiros. “Outros são abscessos internos, que não são visíveis, e que infelizmente foram detectados pelo governo americano”, explicou.
Carne barrada
Desde que o regime de fiscalização foi ampliado, os fiscais americanos recusaram a entrada de 106 lotes de carne brasileira, que levavam 1,9 milhão de pounds (cerca de 860 toneladas) de produto. Segundo o órgão americano, esses produtos foram reprovados devido a problemas sanitários e de saúde animal.
“Apesar do comércio internacional ser uma parte importante do nosso departamento, e o Brasil é um de nossos parceiros, minha prioridade é proteger os consumidores americanos. É isso que fazemos suspendendo a importação de carne fresca do Brasil”, disse o secretário americano, em comunicado.
Segundo o comunicado, a suspensão vale “até que o ministério de Agricultura brasileiro tome medidas corretivas que os EUA achem satisfatórias”.
Em todo o ano passo, os Estados Unidos importaram US$ 3,35 milhões de carne bovina congelada, resfriada e fresca, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic). Ao todo, o Brasil exportou US$ 4,3 bilhões desse produto em 2016.
Atualmente, a Ásia é o maior mercado para a carne bovina brasileira. O maior importador é Hong Kong, que comprou US$ 718 milhões de carne bovina resfrigada, congelada e fresca do Brasil em 2016, seguido da China, que importou US$ 702 milhões, segundo dados do Mdic.