Sexta-feira, 29 de março de 2024
Por Redação O Sul | 17 de fevereiro de 2019
O ministro Gustavo Bebianno, da Secretaria-Geral da Presidência, diz que aguarda um desfecho de sua situação no governo para então “esclarecer a verdade”. Ele deve ser demitido por Jair Bolsonaro na segunda (18).
Bebianno tornou-se o centro de crise instalada no Palácio do Planalto depois que a Folha de S.Paulo revelou a existência de um esquema candidaturas laranjas do PSL, presidido pelo ministro entre janeiro e outubro de 2018.
“Eu não vou sair com pecha de bandido, de patrocinador de laranjais ou de traidor”, diz Bebianno, que pretende dar entrevistas à imprensa depois de deixar o cargo.
Ele nega, no entanto, que sairá disparando contra o governo. Coordenador da campanha presidencial de Bolsonaro, o ministro seria o detentor de segredos importantes que, revelados, poderiam abalar a permanência dele no comando do País.
“Eu não vou fazer isso. O Brasil não merece. Eu não tenho nada a declarar sobre o presidente”, afirma.
Neste domingo (17), o jornal O Globo noticiou que ele teria dito que Bolsonaro é
“uma pessoa louca, um perigo para o Brasil”.
Bebianno nega “veementemente. Nunca falei nada parecido sobre o presidente”.
“Estou triste com a situação, mas não chamei ele de louco nem nada. Agora é o momento de esfriar a cabeça, buscar o equilíbrio e olhar para o futuro, olhar para o país”, afirma.
Redes sociais
O exército digital que deu sustentação à campanha que elegeu Jair Bolsonaro presidente foi acionado para uma ação de ataque ao ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência,Gustavo Bebianno , alvo da primeira grande crise do governo. Pelas redes sociais, militantes ligados ao vereador Carlos Bolsonaro , o mais radical dos filhos do presidente, passaram a compartilhar vídeos, áudios, imagens e textos contra o ministro, cuja exoneração está prevista para ser publicada nesta segunda-feira no Diário Oficial da União.
A estratégia é fragilizar ainda mais o ministro que, de saída do Planalto, pode se tornar uma voz de oposição contra Bolsonaro. A aliados, Bebianno tem feito duras críticas ao presidente, de quem se aproximou como um fã. A ideia, segundo integrantes desses grupos, é mostrar que “Bebianno é o traidor, por ter se aliado à mídia” e afastar de Bolsonaro a imagem de que não é leal a seus apoiadores.
Neste domingo (17), passou a circular em grupos de WhatsApp um áudio intitulado “O Verdadeiro Bebianno”, cujo conteúdo é uma conversa durante a campanha eleitoral entre o ministro e um apoiador de Bolsonaro no Ceará. No diálogo, Bebianno cobra o militante Edson Alex por supostamente ter divulgado um texto crítico a ele.
Nele, afirmava-se que Bebianno e o agora deputado federal Julian Lemos, então presidente e vice do PSL, haviam tornado a legenda em “um grande balcão de negócios”. O texto é intitulado “Bandidos tomaram de assalto o partido do Capitão e hoje colocam em risco a candidatura do próximo presidente do Brasil.”
No áudio, que voltou a circular neste domingo, Bebianno ameaça processar o militante.