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Brasil O ministro da Educação promove confronto e causa vergonha, dizem ex-titulares da pasta

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Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, o Ministério da Educação alegou que a página conteria "informações não confirmadas" que poderiam levar a "interpretações dúbias". (Foto: Divulgação)

“Não tem paralelo na história da educação mundial. Não conheço nenhum caso no mundo de alguém que tenha, em tão pouco tempo, produzido tanto conflito.” A opinião é de Fernando Haddad, ex-ministro da Educação e ex-prefeito de São Paulo, sobre o comportamento do titular da Educação, Abraham Weintraub.

Enquanto dezenas de milhares foram às ruas pelo País para protestar contra os cortes no orçamento da Educação, na quinta-feira (30), o atual ministro da pasta veio a público denunciar que professores estariam coagindo estudantes a participarem dos atos. E seu ministério divulgou nota alertando que docentes, servidores, funcionários, alunos e até pais e responsáveis “não são autorizados a divulgar e estimular protestos durante o horário escolar”. A nota conclamou a sociedade a fazer denúncias ao MEC (Ministério da Educação).

Três professores, que também são ex-ministros da Educação e têm posição crítica à atual gestão, foram ouvidos para analisarem essas reações diante das manifestações. “Não sei que tipo de relação que ele quer estabelecer com a comunidade de educação. Parece ser de confronto permanente”, afirmou Haddad, que foi ministro de Lula e candidato derrotado à eleição presidencial no ano passado. “Educação é superar barreiras, educação é gesto, é tudo o que esse ministro não faz.”

O ex-ministro e ex-senador Cristóvam Buarque foi mais incisivo: “Aquilo é típico de regimes totalitários. Achei estranho porque parecia algo mal traduzido da Alemanha nazista. Eu me senti envergonhado quanto vi”. Ele disse que também causou vergonha ver um ministro dizendo que recebeu denúncias de pais reclamando que professores estariam coagindo alunos a irem aos protestos. “O ministro está falando de universitários, não é mais o pai e a mãe que cuida das coisas. Ele trata esses estudantes como infantis”, afirma Buarque, que também esteve à frente do MEC durante a gestão de Lula e foi reitor da Universidade de Brasília.

“Em uma universidade, se um professor mandar seus alunos irem para a rua, o mais provável é os alunos não irem. Pois eles têm voo próprio, pensamento próprio. Uma declaração dessas é lamentável”, avaliou Buarque. “E quer coisa mais ridícula do que aquele vídeo em que ele está com guarda-chuva, reclamando de fake news?” Ele se refere a um vídeo, tuitado na quinta-feira, em que Weintraub aparece com um guarda-chuva, imitando o clássico filme “Cantando na Chuva”, de Gene Kelly, para reclamar que, em sua opinião, “está chovendo fake news”. O objetivo foi negar a denúncia trazida pela imprensa de que o governo reduziu verbas para a recuperação do Museu Nacional – destruído pelo fogo no ano passado.

Outro ex-ministro da Educação que criticou a nota do ministério foi o professor titular de Ética e Filosofia Política, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, Renato Janine Ribeiro. “Não há democracia, universidade e educação sem liberdade de expressão. E de todas as discussões que pode haver no ambiente da educação, a mais importante é a que valoriza a própria educação, como modo de abertura para o mundo”, disse.

Para ele, tentar coibir essa discussão com procedimentos punitivos é causar um dano enorme àquele que considera o principal fator de desenvolvimento hoje no mundo. Disse que, durante muito tempo, o acesso à matéria prima e o pagamento de salários baixos foram celebrados como fatores que promoveriam a economia. E hoje, é a educação e a inteligência.

“Não há desenvolvimento da inteligência sem discussão, não há o desenvolvimento da educação sem o direito de protestar. E protestar em favor da educação é o protesto mais nobre que existe”, avaliou Renato Janine Ribeiro. A população pode esperar mudanças na forma como a pasta da Educação é gerida após a repercussão das polêmicas? Fernando Haddad acredita que não.

“O bolsonarismo-raiz é Ernesto Araújo [Relações Internacionais], Damares Alves [Mulher, Família e Direitos Humanos], Ricardo Salles [Meio Ambiente], Abraham Weintraub. Todo o resto, Paulo Guedes, Sérgio Moro, são concessões aos militares, ao mercado. As pessoas acham que esses quatro ministros são folclóricos e caricatos, mas eles são a agenda do bolsonarismo. É onde ele, portanto, se sente representado”, afirmou.

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