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Por Redação O Sul | 22 de janeiro de 2018
No último dia de sua visita ao Peru, o papa Francisco pediu aos bispos peruanos que não tenham medo “de denunciar os abusos e os excessos”, assim como fez santo Turíbio de Mongrovejo. O pontífice se reuniu com cerca de 60 bispos e citou como exemplo, em seus discursos, as proezas de santo Turíbio de Mongrovejo, arcebispo de Lima entre 1579 e 1606 e patrono do episcopado latino-americano.
Francisco disse que o santo foi um “construtor de unidade eclesiástica” e elaborou o seu discurso com base na vida de Turíbio, para dar exemplos aos sacerdotes. Francisco explicou que Turíbio foi “o que hoje chamaríamos de um bispo andarilho. Um bispo com o costume de andar, de percorrer, de ir ao encontro de todos para anunciar o Evangelho, em todos os lugares”.
“Sem medo e sem asco, (Turíbio) entrou em nosso continente para anunciar a boa nova”, reiterou o pontífice aos bispos. O papa também comentou que santo Turíbio estudou as línguas indígenas e destacou a importância “de se conhecer a linguagem dos outros, só assim para fazer o Evangelho ser entendido e entrar no coração”.
O pontífice acrescentou que Turíbio “pôde constatar em suas visitas os abusos e os excessos que sofriam as populações originais e não hesitou, em 1585, quando excomungou o corregedor de Cajatambo”.
Ao citar o exemplo de Turíbio, Francisco pediu aos bispos que não tenham medo “de denunciar os abusos e excessos cometidos contra o povo”, pois “não existe uma autêntica evangelização que não anuncie e denuncie toda falta contra a vida de nossos irmãos, especialmente os mais vulneráveis”.
China
O secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, revelouo desejo do papa Francisco de visitar à China. “As disposições do papa Francisco para o povo chinês são bem conhecidas: ele já expressou repetidamente de forma bem explícita a sua estima e seu puro desejo de, se possível, visitar a China”, afirmou Parolin em entrevista publicada no livro “Todos os homens de Francisco”.
No entanto, “a experiência também nos diz que devemos prosseguir com paciência e prudência, e não desistir de problemas complexos e delicados, que vêm de longe e dependem da profunda diversidade de perspectivas, dos religiosos espirituais da Igreja e da política dos governantes”. Desde a década de 1950, existe na China uma igreja cristã oficial, e a Igreja Católica de Roma atua quase na clandestinidade. Além disso, a Conferência Episcopal da Igreja Católica na China, além de não ser reconhecida pelo Vaticano, comumente dá “conselhos” aos cristãos que nada têm a ver com a doutrina do catolicismo.
Por sua vez, desde que Jorge Mario Bergoglio assumiu a liderança da Igreja, ele vem tentando acelerar as negociações para pôr fim – ou amenizar – as divergências em prol dos católicos do país. “O diálogo entre representantes da Santa Sé e do governo chinês está em andamento. Este também era um dos desejos do papa Bento XVI, revelado em sua famosa carta para os fieis chineses em 2007”, finalizou Parolin.