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Por Redação O Sul | 13 de fevereiro de 2017
O presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, pediu ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que avalie a deportação do ex-presidente peruano Alejandro Toledo, que está foragido e é suspeito de ter recebido US$ 20 milhões em propina ligada à Odebrecht. Eles conversaram por telefone.
“O presidente Kuczynski solicitou a Donald Trump para avaliar, no âmbito das competências que a lei de migração do país dá ao Departamento de Estado, a opção de deportar Toledo para o Peru”, informou no domingo (12) a agência estatal de notícias peruana Andina citando fontes do Ministério das Relações Exteriores.
A suspeita é que Toledo, que governou o país entre 2001 e 2006, esteja em San Francisco, na Califórnia, onde ele vive atualmente. Ele trabalha na Universidade de Stanford e é suspeito de ter cometido os crimes de tráfico de influência e lavagem de dinheiro em troca da concessão da Estrada Interoceânica do Sul, que atravessa o território peruano da costa do Pacífico até a fronteira com o Brasil.
O ex-presidente peruano é procurado desde quinta-feira (9), quando um juiz peruano expediu uma ordem de prisão nacional e internacional contra Toledo. A promotoria peruana pediu prisão de 18 meses à Justiça, e Toledo responde como cidadão comum pelos supostos crimes porque sua imunidade parlamentar como ex-presidente acabou cinco anos após ter deixado o cargo.
Trump ligou para Kuczynski do avião presidencial, o Air Force One, em meio à incógnita do paradeiro de Toledo, após rumores de que ele viajaria dos EUA para Israel – o que não ocorreu.
Os dois presidentes também conversaram sobre outros assuntos e Trump convidou Kuczynski a visitar os EUA em data ainda a ser definida. Segundo ministro peruano do Interior, Carlos Basombrío, Toledo ainda pode sair com liberdade dos EUA porque a Justiça americana ainda não ordenou sua detenção. Basombrío afirmou que os EUA pediram à Promotoria mais informações sobre os motivos para a captura de Toledo.
Escândalo da Odebrecht
Em acordo de leniência firmado com o Departamento de Justiça dos EUA, derivado das investigações da Lava Jato, a Odebrecht admitiu ter pago em propina US$ 788 milhões entre 2001 e 2016 a funcionários do governo, representantes desses funcionários e partidos políticos do Brasil e de outros 11 países. Para o órgão dos EUA, é o “maior caso de suborno internacional na história”.
A construtora brasileira pagou propina para garantir contratos em mais de 100 projetos em Angola, Argentina, Brasil, Colômbia, República Dominicana, Equador, Guatemala, México, Moçambique, Panamá, Peru e Venezuela, segundo o acordo.
Toledo é a primeira grande figura da política peruana envolvida no escândalo de corrupção da Odebrecht, que admitiu à Justiça americana ter pagado US$ 29 milhões em subornos a funcionários peruanos entre 2005 e 2014 – período que compreende os governos de Toledo (2001-2006), Alan García (2006-2011) e Ollanta Humala (2011-2016).
No período, a construtora participou de mais de 40 projetos no Peru, que envolveram cerca de US$ 12 bilhões em gastos públicos. Os peruanos compõem a segundo maior grupo de trabalhadores da empresa, atrás apenas dos brasileiros – dos 128 mil funcionários do grupo, cerca de 10 mil são peruanos. (AG)