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Por Redação O Sul | 6 de dezembro de 2017
Os britânicos são cada vez mais críticos sobre como o governo está administrando a saída da UE (União Europeia) – Brexit como é chamada a medida – e mais pessimistas em relação a seu desfecho, revela uma pesquisa. A sondagem do Centro Nacional de Pesquisa Social mostra que a proporção de britânicos que consideram que a gestão do governo é ruim nesta questão aumentou de 41% em fevereiro a 55% em julho e 61% em outubro.
O índice dos que acreditam que o Reino Unido conseguirá um acordo ruim com Bruxelas passou de 37% em fevereiro a 44% em julho e 52% em outubro. A pesquisa mais recente mostra que apenas 19% dos entrevistados acreditam que o país conseguirá um bom acordo.
A explicação para os números é que “o pessimismo aumentou mais entre os que votaram a favor da saída da UE no referendo de junho de 2016”, destacou John Curtice, coordenador da pesquisa. No referendo, o voto pela saída venceu por quatro pontos (52-48%).
Curtice explicou que os eleitores anti-UE não mudaram de opinião, mas criticam a gestão do governo e o processo de saída.
“Um Brexit difícil poderia ser caro politicamente para (a primeira-ministra britânica Theresa) May e seu governo em dificuldades, mais do que o catalisador de uma mudança de opinião sobre o Brexit”, disse.
A OCDE (Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico) considerou que uma possível anulação do Brexit teria um impacto econômico muito “positivo”, mas o governo britânico respondeu que “não haverá um segundo referendo”. “Se o Brexit fosse anulado por uma decisão política, o impacto positivo para a economia seria muito importante”, afirmou o organismo.
Avaliação
O governo britânico não realizou uma avaliação formal sobre o impacto que a saída do Reino Unido da União Europeia terá na economia do país, admitiu o ministro para o assunto, David Davis. Durante uma sabatina diante do comitê do Brexit da Câmara dos Comuns, Davis disse que “não há uma avaliação sistemática do impacto”, embora o governo tenha elaborado “análises por setores”, mas não uma “previsão” sobre o que possa ocorrer uma vez que o Reino Unido se retire do bloco europeu em março de 2019.
A presidente desse comitê, a trabalhista Hilary Benn, perguntou se o governo tinha ordenado uma avaliação profunda sobre o impacto do Brexit nos diferentes setores da economia, entre eles o automotivo, o aeroespacial e o financeiro. “Acredito que a resposta será não em todos eles”, respondeu o ministro do Brexit, responsável por negociar com Bruxelas os termos do desligamento britânica da UE.
Davis acrescentou que serão realizados estudos uma vez que o Reino Unido passe à segunda fase das negociações com Bruxelas, que se centrarão na relação comercial entre este país e a UE.
Concretamente, o ministro explicou que os estudos se centrarão em aspectos como um eventual acordo comercial com a UE ou se o país se regerá pela Organização Mundial do Comércio. O governo britânico está concentrado em salvar o acordo do Brexit e passar para a segunda fase.