Terça-feira, 23 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 17 de setembro de 2016
Em 24 de novembro de 2015, três astronautas chegaram com a nave Soyuz à ISS (Estação Espacial Internacional). Entre eles, estava uma mulher, a italiana Samantha Cristoforetti. Além de ser a primeira europeia a bordo da ISS em 13 anos, ela também era a primeira mulher de seu país a ir para o espaço sideral.
Os recordes não pararam por aí: devido à falha de dois foguetes russos, sua estada na ISS teve de ser estendida por mais um mês além do previsto. Assim, ao retornar à Terra após 199 dias e 16 horas, a milanesa nascida em 1977 havia quebrado todos recordes de permanência europeia e feminina. Além disso, foi a primeira pessoa a fazer um café expresso no espaço.
Samantha falou sobre suas experiências espaciais e suas ideias a respeito de viagens extraterrestres, cuja eventual comercialização ela considera positiva, na entrevista a seguir. Ela admitiu que adoraria ir à Lua, porém, um voo até um planeta vizinho a fascina ainda mais. “É o destino natural, certo? No nosso Sistema Solar, o próximo lugar é Marte”, prevê a astronauta. Confira os principais trechos da conversa.
Como são as suas sensações após passar sete meses na ISS?
Samantha Cristoforetti: Há a experiência de ser parte de uma tripulação formada pelos únicos seres humanos que não estão no planeta naquele momento, todo o resto está lá embaixo. Aí, naquele momento, é como se você os abraçasse em órbita, voando em volta. Então há muitos aspectos, alguns são sensações físicas, outros são pensamentos e reflexões que surgem.
Você não tem nada contra a comercialização das viagens espaciais?
Samantha: Muito pelo contrário, acho que é fantástico. Esse é o sentido da coisa: nós não vamos ao espaço a fim de mantê-lo para uma comunidade fechada, mas sim para abrir uma fronteira. Quanto mais, melhor, e é assim que se define sucesso. A ideia de cada vez mais gente querendo, tendo a chance de ir para o espaço, possivelmente até fazendo dinheiro e promovendo o avanço da tecnologia: isso é o que eu chamo de sucesso.
Em outubro, ocorrerá um passo importante em relação a Marte. O que é essa missão?
Samantha: É a ExoMars, uma missão robótica bem entusiasmante, que está a caminho de Marte desde março. É uma espécie de missão dupla, com um módulo que vai ficar em órbita em torno de Marte, como estação intermediária de comunicação, e uma unidade de aterrissagem experimental, o módulo Schiaparelli, que vai aterrissar no planeta para demonstrar a tecnologia de aterrissagem.
Essa é a primeira parte. A segunda está planejada para 2020, quando vamos lançar outra missão com um veículo rover (feito para exploração espacial), para aterrissar em Marte e pesquisar a superfície do planeta por um período longo. Ele incluirá uma broca, para, pela primeira vez, penetrar bem fundo no solo marciano. Tivemos e temos vários rovers e robôs em busca de sinais de vida em Marte, mas a exposição ao Sol na superfície pode ter matado esses sinais. Agora, indo mais fundo, pode ser que os encontremos. Então é uma coisa nova e bem entusiasmante que vamos ter em Marte.
Se tivesse oportunidade, gostaria de ir a Marte?
Samantha: Teoricamente, se tivéssemos a tecnologia agora mesmo, uma missão configurada e se me pedissem para integrar a tripulação, não há dúvida de que seria uma honra para mim.
Por que a ideia é tão fascinante?
Samantha: É a fronteira, é o próximo destino para os humanos. É o destino natural, certo? Claro, há a Lua, e eu também adoraria ir para lá. Mas, no nosso Sistema Solar, o próximo lugar é Marte.