Sexta-feira, 29 de março de 2024

Porto Alegre

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail ou WhatsApp.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Literatura O politicamente correto vai matar a literatura, disse Paulo Coelho

Compartilhe esta notícia:

O escritor Paulo Coelho vive na Suíça. (Foto: Reprodução)

Para o escritor Paulo Coelho, o politicamente correto “vai matar a literatura”. “Vivo horrorizado com isso. O politicamente correto é a morte do politicamente correto. Quando você impõe uma coisa [ela não dá certo]”, disse ele, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo.

Para um mago, até que ele tem superstições bem comuns: antes de beber o vinho frisante, molha o dedo e pinga uma gota na mesa, para o santo. Ao visitar seu apartamento em Genebra, na Suíça, é preciso sair pela mesma porta.

O escritor recebeu uma equipe do jornal Folha de S.Paulo em sua casa, seis andares e mais uma cobertura dúplex, com academia, janelões e jardim do qual é possível ver os Alpes. Ele vive lá com sua mulher, a artista plástica Cristina Oiticica. Não há livros. Os dois leem tudo em edições digitais.

O casal leva uma vida pacata. Veem filmes e séries todos os dias e todos os dias caminham, contando os passos com um aplicativo. Antes, eram 10 mil; agora, 7.000. Coelho, aos 70 anos, diz que só pode ser um defeito do celular.

O autor lança agora “Hippie”, em que revive a época em que era cabeludão, vestia a mesma jaqueta jeans, usava drogas e errava por aí com pouca grana no bolso. No romance, repassa um velho amor, vivido em uma viagem no Magic Bus, que saía de Amsterdã e ia até o Nepal. O livro, diz, é uma resposta ao fundamentalismo que grassa pelo mundo.

Antes de receber a reportagem, fez uma exigência: não queria falar de política. Ao ouvir as perguntas, tentou dar a volta na tortilha – expressão que usa muito e significa ter ginga para se livrar de encrencas –, mas, ao fim, falou.

Em sua casa, em um passeio de carro até a fronteira da Suíça com a França e em um jantar, a Folha esteve quase oito horas com o mago. Ele falou de sua decepção com Lula e o PT e disse que o petista abandonou José Dirceu aos cães.

“O Lula foi uma profunda decepção. Lamento muito. Era uma pessoa que eu achava que podia fazer muita diferença, que seria o melhor político. Se fosse, seria que nem o Salvador Allende”, disse.

“Ele jogou o José Dirceu como boi de piranha. Viu que eu apoiei o Zé Dirceu, que eu nem conhecia – vi esse cara sofrendo. Ele jogou o Dirceu aos cães.”

Sobre a prisão de Lula, Paulo Coelho disse: “Essa história do tríplex é mal contada. O Poder Judiciário no Brasil ficou visível demais, quando ele não o é em nenhum país. As pessoas [os juízes] terminam tendo que atender a certos clamores. Você acha que essa história do tríplex [faz sentido]?”.

O escritor comentou a influência do politicamente correto em sua obra. “Eu vejo umas críticas na Amazon sobre ‘O Alquimista’. O personagem vai viajar e volta para o oásis para encontrar a mulher. Começaram a aparecer críticas dizendo que é absurdo, que a mulher fica esperando e o homem sai. Porra, não existe isso. Dão uma estrela [na avaliação que vai até cinco]”, disse.

Sobre o temor de que sua obra passe por uma revisão, ele afirmou: “Espero que pare por aí. Isso não pode, cara. Você vai matar a literatura. Não dá para pegar a arte e fazer uma releitura politicamente correta. Em sua essência, ela é politicamente incorreta. O que eu acho correto é esse movimento de dar voz à mulher, quando ela é estuprada, por exemplo”.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Literatura

O vice-presidente dos Estados Unidos celebrou um casamento homossexual em sua casa
Os ônibus e o Trensurb devem funcionar normalmente hoje em Porto Alegre e na Região Metropolitana
https://www.osul.com.br/o-politicamente-correto-vai-matar-a-literatura-disse-paulo-coelho/ O politicamente correto vai matar a literatura, disse Paulo Coelho 2018-04-30
Deixe seu comentário
Pode te interessar