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Política O possível rompimento do Brasil com Cuba provoca críticas de diplomatas

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O presidente eleito Jair Bolsonaro disse que não há motivo para manter a embaixada em Cuba. (Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)

O presidente eleito Jair Bolsonaro indicou que pretende romper laços diplomáticos com países liderados por governantes com viés ideológico de esquerda. Segundo ele, não há motivo para manter a embaixada em Cuba. A declaração foi dada em entrevista ao jornal Correio Braziliense e à TV Rede Vida, na sexta-feira (2).

“Olha, respeitosamente, qual o negócio que podemos fazer com Cuba? Vamos falar de direitos humanos? Foi acertado há quatro anos, quando Dilma era presidente, que se alguém pedisse exílio (no Brasil, como os médicos cubanos) seria extraditado. Dá para manter relações diplomáticas com um país que trata os seus dessa maneira? Queremos o Mais Médicos? Podem continuar. Revalida, salário integral e traz a família para cá. Eles topam?”, afirmou Bolsonaro, em uma afirmação que logo gerou críticas de diplomatas.

Pelo Mais Médicos, citado por Bolsonaro, trabalham hoje no Brasil 8.612 cubanos. Eles somam 51% dos profissionais, em um total de 16.721 médicos que atuam em regiões mais carentes e remotas do país. Os cubanos são contratados por meio de um convênio intermediado pela Organização Panamericana de Saúde (Opas). O governo da ilha fica com 70% dos salários dos seus profissionais, que recebem então entre R$ 3 e R$ 4 mil, salário ainda superior ao pago a médicos em Cuba.

Ao mencionar o Revalida, o presidente eleito se refere ao exame de validação de diplomas exigido a médicos estrangeiros para atuar no Brasil, que no caso do Mais Médicos não é exigido de nenhum profissional estrangeiro – o que, na época da criação do programa por Dilma, foi criticado pelas entidades médicas brasileiras.

O ex-embaixador Rubens Ricupero disse, ao jornal O Globo, que discorda da possibilidade de fechar a embaixada no país latino-americano, e que “um país grande precisa de presença em toda parte”.

“O princípio da diplomacia brasileira é o universalismo, ter relações com todos os países independentemente da orientação política. Se tiver que aplicar essa medida, como ficaria Rússia, como ficaria a China, e outros países? O tempo em que nós não tínhamos relações com todos os países ficou pra trás. Isso seria, no fundo, um retrocesso a mais. Uma embaixada é um posto de observação política, troca de ideias sobre a situação mundial, tem muitas funções além da questão do comércio.”

Sobre o outro ponto abordado por Bolsonaro, o Brasil mais exporta do que compra de Venezuela e Cuba. Entre janeiro e setembro deste ano, segundo os dados mais recentes disponíveis, as empresas brasileiras venderam R$ 457 milhões para a Venezuela. No ranking para onde o Brasil mais vende, a Venezuela aparece na 49ª posição. No mesmo período, o país vendeu para o Brasil R$ 134 milhões, de acordo com informações do Ministério da Indústria e Comércio Exterior.

Para Cuba, o Brasil embarcou R$ 263 milhões neste ano, o que coloca o país na 64ª posição entre os destinos. O Brasil comprou de Cuba R$ 32 milhões neste ano, conforme dos dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

O general da reserva Hamilton Mourão, vice-presidente eleito, disse ao UOL, também na sexta-feira, que deve acabar o “antiamericanismo infantil” na política externa brasileira, e que o Brasil deve exercer “pressão” sobre a Venezuela para que o país convoque novas eleições.

“Não sei a que isso pode se referir, já que as pressões já estão sendo feitas”, afirmou Ricupero. “O Brasil retirou embaixador de Caracas faz pouco tempo. Mais do que isso não sei o que pode ser feito, se já condenamos (a ditadura de Maduro) em todas as reuniões que houve. Se o Bolsonaro tem uma ideia melhor, seria bom ouvir qual a ideia dele, o Brasil já tomou todas as medidas possíveis em relação a pressão, condenações.”

Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil em Washington, afirma que é cedo para julgar se Bolsonaro de fato vai pôr em prática as medidas que anuncia. É natural que o futuro presidente não tenha receptividade a governos de esquerda, diz. Ele frisa, porém, que romper relações com Cuba pode ser prejudicial do ponto de vista comercial.

“Hoje o Brasil praticamente já não tem relações com Cuba, porque Cuba retirou o embaixador aqui, criticou muito esse governo atual do Temer, apoiou a teoria do golpe do impeachment. Mas o Brasil, independentemente do governo, tem alguns interesses. Temos uma dívida a receber de Cuba, então se você cortar as relações com o país, você pode deixar de receber milhões de dólares.”

tags: Brasil

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https://www.osul.com.br/o-possivel-rompimento-do-brasil-com-cuba-provocou-criticas-de-diplomatas/ O possível rompimento do Brasil com Cuba provoca críticas de diplomatas 2018-11-03
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