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Por Redação O Sul | 13 de maio de 2018
Para o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a aliança entre seu partido e o PSDB está perto do fim. Em entrevista ao jornal “O Estado de S.Paulo”, o político citou o enfraquecimento gradual da relação entre as siglas.
“Essa aliança vem sendo muito desgastada nos últimos anos. Em 2010, a composição foi difícil e em 2014 deixaram o DEM fora da chapa majoritária. Tudo isso mostra que o ciclo está terminando”, avaliou. Nas eleições deste ano, Rodrigo Maia faz questão de concorrer à Presidência, mesmo com apenas 1% das intenções de voto nas pesquisas. O presidente da Câmara não pretende firmar aliança com Geraldo Alckmin (PSDB). “Desistir em nome de quê? De uma derrota?”, questionou Maia.
Mesmo assim, o político ponderou ao dizer que não descarta apoiar o ex-governador de São Paulo ou receber o apoio dele em um possível segundo turno. “Eu sempre conversei com o governador Geraldo Alckmin. É um político com o qual tenho ótima relação. Temos projetos distintos, mas isso não vai nos levar a um conflito. Vamos continuar dialogando e aquele que chegar no segundo turno apoia o outro”, explicou.
A união com os tucanos começou em 1994, quando o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) foi eleito para seu primeiro mandato. Na época, o DEM ainda era PFL. O primeiro estremecimento veio em 2002, com apoio à candidatura de José Serra (PSDB) apenas no segundo turno. O candidato foi derrotado posteriormente por Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Intervenção
Maia discorda da proposta de suspender a intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro para que o Congresso Nacional possa votar a reforma da Previdência ainda neste ano, logo após as eleições.
Pré-candidato à sucessão no Palácio do Planalto, Maia criticou a ideia do presidente Michel Temer (MDB). A avaliação do presidente da Câmara é de que a medida provocaria “insegurança” no andamento da intervenção. “Acho que o presidente está tratando de muitas variáveis que não controla”, disse Maia. “Ele não controla o nome do novo presidente, não controla a agenda de campanha nem a da Câmara e do Senado”, completou.
Mesmo com críticas à intervenção, o parlamentar afirmou que a ação federal no estado é necessária e está com o cronograma atrasado porque falta aprovar um projeto de crédito para a estrutura administrativa sair do papel. “Isso significa que o interventor (general Braga Netto) não conseguiu ainda nem usar aquele 1,2 bilhão de reais liberado para o Rio”, comentou. “É preciso primeiro resolver isso para depois votar a reforma da Previdência. Uma coisa de cada vez”, destacou Rodrigo Maia.
Só se intervenção for revogada
A intervenção federal no Rio de Janeiro impede que o Congresso Nacional vote PEC (propostas de emenda à Constituição), conforme a Carta Magna de 1988.
O decreto que autoriza a atuação federal na segurança pública do Rio tem validade até 31 de dezembro deste ano, dois meses depois do pleito eleitoral. Até lá, as propostas de emenda à Constituição só podem tramitar nas comissões, ser alvo de audiências públicas e outras formalidades. Mas não poderá ser levada ao plenário nem ser remetida ao Senado.
Não é de agora a intenção do governo Temer revogar o decreto da intervenção federal no Rio de Janeiro para votar a reforma da Previdência, cessando temporariamente os efeitos da medida para que a emenda constitucional possa ser apreciada na Câmara. Desde fevereiro se fala nessa medida.