Quinta-feira, 28 de março de 2024

Porto Alegre

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail ou WhatsApp.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Mundo O presidente da França deve propor a criação de um fundo para florestas tropicais na segunda-feira, durante evento da ONU em Nova York sobre o clima. O governo brasileiro vai rejeitar

Compartilhe esta notícia:

O presidente da França, Emmanuel Macron, e Jair Bolsonaro durante encontro no G20. (Foto: Reprodução/Twitter)

O governo brasileiro decidiu que não participará de uma iniciativa sobre a Amazônia que o presidente francês Emmanuel Macron tenta lançar na segunda-feira, em Nova York (EUA), por considerá-la uma afronta à soberania dos países da região. As informações são do jornal Valor Econômico.

O confronto diplomático entre Brasília e Paris não está próximo de se acalmar. A ideia de Macron sobre a Amazônia começou a prosperar no G-7, em agosto, em meio à troca de acusações com o presidente Jair Bolsonaro.

Na ocasião, Macron anunciou na ocasião que prepararia uma “aliança coletiva” pela Amazônia, com todos os países da região, e que a lançaria durante a Cúpula da Ação Climática das Nações Unidas, no dia 23, na véspera da abertura da Assembleia Geral da ONU.

Ela deveria tratar, segundo Macron, de questões centrais do futuro da Amazônia e do reflorestamento de áreas desmatadas, mas também de projetos concretos em ação com governos nacionais e estaduais, atores locais e povos indígenas. Ocorre que o primeiro documento que a França circulou sobre a iniciativa foi visto em Brasília como algo que nenhum governo brasileiro de direita ou de esquerda aceitaria, segundo uma fonte.

O governo francês propôs a criação de um megafundo para investimentos na Amazônia, tendo como modelo o Cafi (Iniciativa pelas Florestas da África Central), que abrange seis países africanos (Camarões, República Centro-africana, Congo, República Democrática do Congo, Guiné Equatorial e Gabão), que têm florestas tropicais.

O problema, segundo fontes do governo brasileiro, é que o fundo para a África tem seu conselho gestor composto unicamente por representantes dos países doadores e ONGs. Os governos dos países que recebem os recursos não opinam sobre os projetos.

É chocante, um exemplo de neocolonialismo”, diz uma fonte do governo brasileiro. “O interesse da França é criar uma estrutura de governança de modo a que os países doadores controlem mais as políticas de desenvolvimento da região amazônica. Entendemos que seja um movimento contrário à soberania da região”, avalia.

Segundo a fonte do governo brasileiro, pela proposta francesa, a maior parte dos recursos desse fundo para a Amazônia seria centrado em alterar leis domésticas na área ambiental.

No caso do já existente Fundo Amazônia, contudo, a gestão era nacional, sem interferência dos doadores Noruega e Alemanha, mas o governo Bolsonaro criou obstáculos que, até o momento, inviabilizam a continuidade do Fundo. A objeção, no caso, era com recursos dirigidos a projetos conduzidos por ONGs.

A visão em Brasília é que Macron teria comprado “a confrontação com o governo brasileiro, esperando ganhos na política doméstica”.

Não iremos participar de nenhum evento sobre florestas tropicais promovido pela França na cúpula” convocada pelo secretário geral da ONU, António Guterres, afirma a fonte.

O interesse do governo brasileiro é promover iniciativas como a Renovabio, a política que impulsiona biocombustíveis na matriz energética brasileira, ou o plano Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (ABC), ambas políticas criadas em governos passados. E defender a ideia de que a situação de queimadas na Amazônia não é excepcional — avaliação que é questionada por especialistas.

A irritação no governo brasileiro não é apenas com Macron. A França é apoiada por Chile e Colômbia, que podem aparecer como co-autores da iniciativa francesa. O Chile não é país amazônico, mas sediará a próxima conferência do clima, a CoP-25.

Sem o apoio do Brasil — que tem 60% da Amazônia — o projeto francês ficaria enfraquecido. Paris decidiu então ampliar a iniciativa e focar não apenas na Amazônia, mas nas florestas tropicais globais.

A avaliação no governo Bolsonaro é que outros países europeus não seguem a França no confronto com o Brasil. A Alemanha, por exemplo, teria postura diferente.

Além dos governos de Chile e Colômbia, o secretário-geral da ONU também é visto como “atuando contra interesses brasileiros” ao facilitar a organização da iniciativa francesa na cúpula climática.

Depois do G-7, Macron chegou a mencionar cifra de “pelo menos US$ 30 milhões” que seria anunciada em Nova York para reflorestar a Amazônia. Agora, a menção é de um “megafundo”, mas negociadores não viram novas cifras.

Em recente artigo para o centro de estudos Bruegel, de Bruxelas, do qual é um dos fundadores, Jean-Pisani Ferry avalia que a disputa entre Macron e Bolsonaro ficará como nota de rodapé na história. Mas o economista, que foi o principal assessor econômico de Macron na campanha à Presidência, dá ênfase a duas grandes tendências crescentes: a necessidade de ação coletiva global e a demanda pelo fortalecimento da soberania nacional. Outros confrontos entre essas duas forças são inevitáveis, diz.

O Ministério francês das Relações Exteriores não quis falar da iniciativa de Macron, assim como a embaixada da França em Brasília.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Mundo

As alas do governo com maior influência sobre Bolsonaro concordam com anistia a Nicolás Maduro. Em troca, ele convocaria eleições e libertaria presos políticos
ONU corta discurso de Bolsonaro na cúpula do clima em Nova York
https://www.osul.com.br/o-presidente-da-franca-deve-propor-a-criacao-de-um-fundo-para-florestas-tropicais-na-segunda-feira-durante-evento-da-onu-em-nova-york-sobre-o-clima-o-governo-brasileiro-vai-rejeitar/ O presidente da França deve propor a criação de um fundo para florestas tropicais na segunda-feira, durante evento da ONU em Nova York sobre o clima. O governo brasileiro vai rejeitar 2019-09-18
Deixe seu comentário
Pode te interessar