Quinta-feira, 25 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 5 de junho de 2018
O presidente francês Emmanuel Macron disse nesta terça-feira (5) que suas ligações telefônicas com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e outros líderes mundiais são como salsichas: melhor não explicar o que tem dentro. As informações são da agência de notícias Reuters.
Durante uma coletiva de imprensa com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, Macron foi questionado sobre uma reportagem de segunda-feira da CNN dizendo que uma ligação entre o líder francês e Trump na semana passada foi “terrível”.
Emprestando uma citação famosa do estadista prussiano do século 19 Otto von Bismarck, Macron resumiu sua política de evitar fazer comentários em off sobre suas conversas com outros líderes mundiais.
“Como Bismarck costumava dizer, se explicarmos às pessoas como salsichas são feitas, é improvável que continuassem a comê-las”, disse Macron a repórteres.
“Então eu gosto quando as pessoas vem o prato terminado, mas eu não estou convencido de que o comentário da cozinha ajuda a entregar o prato ou a comê-lo”, acrescentou Macron.
Uma nota da Presidência francesa sobre a ligação entre Macron e Trump na semana passada disse que o presidente francês havia dito a Trump que sua decisão de impor tarifas sobre exportações de aliados dos EUA era tanto “ilegal” quanto “um erro”.
Um comunicado mais curto da Casa Branca sobre a ligação disse que a conversa havia sido focada em comércio e imigração, sem mais detalhes.
“Macron pensou que poderia falar o que estava pensando, com base no relacionamento. Mas Trump não aguenta ser criticado deste jeito”, teria dito uma fonte não identificada segundo a CNN. “Apenas ruim. Foi terrível”.
Irã
O líder de Israel pediu nesta terça-feira para que a França volte sua atenção para combater a “agressão regional” do Irã, dizendo que não precisa mais convencer Paris a deixar o acordo nuclear de 2015 entre potências mundiais e Teerã, já que a pressão econômica irá encerrá-lo de qualquer maneira.
Benjamin Netanyahu estava em Paris para conversas com Macron como parte de uma viagem para persuadir signatários europeus – Reino Unido, França e Alemanha – a seguirem a ação de Washington de buscar uma posição dura sobre o Irã após os Estados Unidos deixarem o acordo e recolocarem sanções sobre Teerã.
“Eu não pedi para a França se retirar do JCPOA (acordo do Irã) porque eu acho que ele será basicamente dissolvido pelo peso de forças econômicas”, disse Netanyahu em entrevista coletiva conjunta com Macron.
“Se você tem um acordo ruim, você não precisa cumpri-lo, especialmente se você vê que o Irã está conquistando um país depois do outro e você não consegue separar isto da agressão do Irã na região (Oriente Médio).”
As três potências europeias estão lutando para salvar o acordo – sob o qual o Irã restringiu seu programa nuclear em troca de suspensão de sanções internacionais – pois classificam o pacto como a melhor chance de impedir Teerã de desenvolver uma bomba atômica.