Sexta-feira, 19 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 7 de agosto de 2018
Apoiadores do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, se reuniram no centro de Caracas na segunda-feira (6) para defendê-lo depois de ataques de drones que o governo classificou como uma tentativa de assassinato. O líder socialista, no entanto, surpreendeu a multidão ao não comparecer ao evento.
Maduro, cujo índice de aprovação paira em torno de 25% e cujos opositores culpam suas políticas pelo agravamento de um colapso econômico, conclamou os apoiadores do governo a se unirem diante do que descreveu como complôs da direita liderados pelo governo colombiano e por exilados nos Estados Unidos.
O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, zombou das acusações, dizendo que estava totalmente concentrado no batismo de sua neta no sábado, e o conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, John Bolton, disse que Washington não se envolveu com as explosões.
Manifestação de apoio
“Nós, trabalhadores, estamos aqui para apoiar o presidente”, disse Melanie Diaz, 40 anos, que trabalha no Ministério da Alimentação.
“Nada assim jamais aconteceu ao vivo na televisão, não existe justificativa para este ataque contra o presidente”, afirmou Melanie.
Mas o comparecimento foi baixo comparado ao de manifestações anteriores, que tomavam grandes avenidas. Muitos dos presentes eram servidores públicos, alguns dizendo que foram obrigados a comparecer, segundo testemunhas da Reuters. Muitos venezuelanos que adoravam o falecido líder Hugo Chávez deram as costas a Maduro, seu sucessor muito menos carismático.
Maduro, que fez um discurso televisionado logo após o incidente, deveria falar do palácio de Miraflores na segunda-feira à tarde.
Não ficou imediatamente claro por que ele desistiu. O Ministério da Informação não respondeu a um pedido de comentário.
“Onde está o nosso comandante?”, perguntavam os simpatizantes.
Ataque de drones
O governo da Venezuela disse que suspeitos lançaram duas aeronaves de controle remoto DJI M600 repletas de explosivos C4 sobre um evento a céu aberto que Maduro realizava no centro de Caracas para comemorar a criação da Guarda Nacional no sábado. Seis pessoas foram presas.
Um deles foi “desviado” pelas forças de segurança, e o segundo caiu sozinho e atingiu um edifício de apartamentos, disseram autoridades.
Os ataques ressaltam os desafios de Maduro para manter o controle sobre o país-membro da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), onde a escassez generalizada de alimentos e remédios vem provocando revolta e desespero das favelas aos quartéis.
A cerimônia, que decorria na Avenida Bolívar de Caracas, estava sendo transmitida simultaneamente e de maneira obrigatória pelas rádios e televisões venezuelanas. No momento em que Nicolás Maduro anunciava que tinha chegado a hora da recuperação econômica, ouviu-se uma das explosões, que fez inclusive vibrar a câmara que focava o chefe de Estado. Nesse instante, a mulher do presidente venezuelano, Cília Flores, e o próprio chefe de Estado olharam para cima.
Antes da televisão venezuelana suspender a transmissão, foi possível ainda ver o momento em que militares rompiam a formação para retirar as individualidades oficiais presentes.