Terça-feira, 23 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 25 de junho de 2018
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta segunda-feira (25) estar “surpreso” que, “de todas as companhias”, a Harley-Davidson seria a primeira a “jogar a toalha”, em referência à decisão da fabricante de motocicletas de transferir para o exterior em até 18 meses a produção de unidades hoje vendidas à UE (União Europeia). Na última sexta-feira (22), a tarifa de importação cobrada por Bruxelas (Bélgica) sobre as icônicas motos americanas saltou de 6% para 31%, um movimento destinado a retaliar as tarifas de Washington sobre a importação de aço e alumínio europeus.
“Lutei duro por eles e em última instância eles não pagarão tarifas vendendo para dentro da UE, que nos machucou feio no comércio, (saldo comercial) negativo em US$ 151 bilhões”, escreveu Trump em sua conta no Twitter. “Taxas (são) só uma desculpa da Harley – sejam pacientes!”, concluiu.
Caso
Na semana passada a União Europeia revidou contra as tarifas impostas por Trump sobre o aço e o alumínio com penalidades sobre o equivalente a US$ 3,2 bilhões de produtos dos Estados Unidos, incluindo o uísque americano, suco de laranja, cartas de baralho e as motos Harley-Davidson.
Na segunda-feira (18) a companhia com em Wisconsin declarou que as tarifas impostas pelos europeus sobre suas motocicletas aumentaram de 6% para 31%, o que levará a uma aumento de US$2.200 em média do valor de cada moto exportada dos Estados Unidos para o bloco europeu. Em vez de transferir esse custo, a companhia mudará a produção para fábricas no exterior de modo a evitar as tarifas europeias.
“Achamos que o tremendo aumento de custos, se o passarmos para nossas concessionárias e clientes, terá um efeito nocivo imediato e duradouro para os negócios da companhia na região, reduzindo o acesso do consumidor aos produtos Harley-Davidson e impactando negativamente a sustentabilidade das suas concessionárias”, informou a companhia em seu registro.
Empregos
A Harley-Davidson não especificou quantos empregos podem ser transferidos para suas fábricas no exterior. A companhia já produz motos e peças em fábricas na Índia, Brasil, Austrália e Tailândia, mas esclareceu que a mudança levará de nove a 18 meses para estar concluída. A companhia vendeu 40.000 novas motos no ano passado na Europa, o equivalente a um sexto de suas vendas em todo o mundo, o que torna o bloco europeu seu mercado mais importante depois dos Estados Unidos. As ações da empresa caíram mais de 6% no pregão do início da tarde desta segunda.
“Aumentar a produção internacional para aliviar a carga tarifária da União Europeia não é a opção preferida da companhia, mas é a única medida sustentável para tornar nossos motos acessíveis aos clientes europeus e manter um comércio viável na Europa”, declarou a empresa em sua conferência com acionistas.