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Por Redação O Sul | 17 de junho de 2017
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou ter um patrimônio de 1,4 bilhão de dólares e 596,3 milhões de dólares em investimentos, segundo relatório de 98 páginas divulgado na sexta-feira (16) pelo Escritório de Ética do governo norte-americano.
O mandatário tem dívidas com diversas instituições financeiras que somam mais de 315 milhões de dólares, sendo 130 milhões de dólares com o Deutsche Bank (42% do total). O documento, referente a 2016, não é uma declaração de Imposto de Renda – o que Trump tem sistematicamente se negado a revelar desde a campanha presidencial.
Embora os postulantes à Casa Branca não sejam obrigados a revelar suas finanças, Trump foi o primeiro a se recusar a fazê-lo desde os anos 1970, sob a alegação de que seu Imposto de Renda estava sob auditoria. Especialistas, no entanto, afirmaram à época que isso não o impediria de divulgá-lo.
O documento não mostra cifras detalhadas na maior parte dos casos e não indica o valor total acumulado dos ativos de Trump. Ele também revela que Trump ocupava cargos em 565 corporações ou outras entidades antes de se tornar presidente dos EUA. Seu mandato na maioria desses cargos foi encerrado em 19 de janeiro, no dia anterior à sua posse na Casa Branca.
A maioria das entidades envolvidas tinha sede nos EUA, mas havia casos também na Escócia, na Irlanda, no Canadá, no Brasil e nas Bermudas, entre outros locais.
Conflito de interesses
Antes de tomar posse como presidente, em 20 de janeiro, Trump renunciou a todos os cargos executivos ou de outra índole nas organizações que levam o seu nome, cedendo a responsabilidade aos filhos Eric e Donald Jr. Mas Trump não se desvinculou de seus ativos, algo que é considerado uma fonte de possíveis conflitos de interesses para o presidente.
Os procuradores-gerais Brian Frosh (de Maryland) e Karl Racine (do Distrito de Colúmbia) apresentaram na segunda-feira (12) uma denúncia contra Trump por suposta violação das cláusulas anticorrupção da Constituição americana porque o presidente aceitou milhões de dólares de governos estrangeiros em pagamentos para suas empresas.
Os dois procuradores-gerais dizem que alguns governos, como o da Arábia Saudita, estão “adoçando” as relações com a Casa Branca ao gastar milhares de dólares nos hotéis de Trump, como o Trump International Hotel, que fica muito perto da Casa Branca e no centro de Washington.
Antes mesmo de ser empossado, os conflitos de interesses de Trump já eram apontados como um dos três pontos que pairavam sobre ele e poderiam encurtar seu governo. Os outros dois eram a relação com a Rússia (pela qual o presidente agora admitiu ser formalmente investigado, após demitir o ex-diretor do FBI James Comey) e a oposição republicana.