Quinta-feira, 25 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 8 de agosto de 2017
O modelo tributário do Brasil precisa ser “completamente remodelado”, pois “já passou do limite da reforma”, e o presidente Michel Temer dispõe, na prática, de apenas 12 meses para fazer reformas, afirmou nesta segunda-feira (7) o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Paulo Rabello de Castro.
“É um conjunto de puxadinhos”, disse ele sobre o sistema tributário, durante palestra no 16° Congresso Brasileiro do Agronegócio, em São Paulo.
Agricultura
Castro ponderou, contudo, que o setor agrícola nacional é um contraponto dentro do que ele chamou de “manicômio tributário”. “A agricultura é a contraprova do manicômio tributário. Existem fatores absolutamente fundamentais, que apresentam a contraprova da bestialidade econômica em que vivemos. (A agricultura tem) regime tributário diferenciado e mais ameno, e regime de juros diferenciado, com o Plano Safra”, destacou.
Atualmente, segundo Rabello de Castro, a participação do agronegócio nos desembolsos do BNDES está em torno de 18%, o que considera compatível com a importância do setor. Na avaliação dele, a participação maior nos negócios do banco se deve à força e à competitividade do setor. Em relação à aplicação dos recursos do Plano-Safra 2017/2018 neste início de calendário agrícola, o presidente do BNDES disse acreditar que está semelhante ao registrado nessa mesma época no ano passado.
Situação do governo
Sobre a situação do governo de Michel Temer, que busca realizar uma reforma tributária, assim como uma reforma da Previdência, Castro disse que, atualmente, o problema do presidente da República não é dispor de votos no Congresso Nacional para aprovar reformar macroeconômicas, mas sim “de tempo” para tocar adiante tal agenda, dado que o próximo ano já é de eleição presidencial.
“O grande problema do presidente não é a dificuldade em ter os votos suficientes. O que ele menos dispõe é de tempo para explicar. Vamos dizer caridosamente que ele dispõe de 12 meses, então ele terá de fazer opções, e uma dessas é ajudar o ministro (Henrique) Meirelles (Fazenda) a reequilibrar a área fiscal.”
JBS
Questionado sobre a situação da JBS, da qual o BNDES é sócio, Paulo Rabello de Castro reforçou sua defesa de uma “profissionalização” maior da administração da companhia. No entanto, evitou confirmar se o posicionamento do banco como acionista será a de defender a saída da família Batista do comando da empresa.
“Demandamos a absoluta profissionalização da gestão, o que não significa que o BNDES vai torcer o nariz para uma característica familiar. Às vezes, é muito bom ter uma família no controle”, disse Castro.
Ele disse apenas acreditar que a discussão sobre a participação dos Batista vai surgir de forma natural dentro do conselho de administração da JBS. E, fazendo um paralelo com o futebol, afirmou que, algumas vezes, “um bom jogador precisa, no mínimo, mudar de posição”.
O presidente do BNDES também avaliou de forma positiva a possibilidade de uma venda da Eldorado Brasil, empresa do Grupo J&F, holding que controla a JBS, para a Fibria. O banco de fomento também é acionista da companhia. Para Rabello de Castro, é preferível que o comando da Eldorado permaneça nas mãos de capital brasileiro.
“Vejo de forma muito positiva, assim como também a Suzano anda estudando. São dois campeões que se adquirirem a Eldorado vou ficar muito feliz porque os brasileiros não devem ficar tão felizes em haver tanta desnacionalização do capital brasileiro”, disse o presidente do BNDES.