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Por Redação O Sul | 16 de março de 2019
Os aviões Boeing da linha 737 Max tiveram seus voos suspensos no mundo todo após dois acidentes matarem quase 350 pessoas e colocarem sob suspeita a segurança do modelo.
No último domingo (10), um avião 737 Max da Ethiopian Airlines caiu na Etiópia apenas seis minutos após a decolagem, deixando 157 mortos. Foi o segundo acidente com o modelo em cinco meses. Em outubro de 2018, um outro avião, da Lion Air, caiu na Indonésia, matando todas as 189 pessoas a bordo.
Por que há suspeitas?
Há semelhanças entre as circunstâncias em que os acidentes ocorreram. Nos dois casos, as aeronaves eram novas e caíram pouco após decolarem. Investigações preliminares sobre a primeira queda apontam que ela pode ter ligação com problemas em um sistema de voo do avião da Boeing, considerado polêmico.
Sistema
O MCAS (Maneuvering Characteristics Augmentation System, ou, Sistema de Aumento das Características de Manobra) é uma novidade da linha 737 Max em relação à anterior, 737 NG (Next Generation).
De maneira simplificada, ele atua para evitar que o avião entre em situação de estol, ou seja, perca velocidade e sustentação e comece a cair. Para isso, o sistema baixa o nariz da aeronave lentamente para um ângulo seguro.
Ele é ativado automaticamente quando o piloto automático está desligado, quando a aeronave está com o nariz muito elevado, quando está sendo realizada uma curva muito inclinada etc.
O relatório preliminar sobre a queda da Lion Air indicou que houve uma série de problemas com a leitura da velocidade do ar e da altitude pelos instrumentos dias antes do acidente. O papel do MCAS nos acidentes ainda não foi confirmado.
Reação mundial
Após o segundo acidente, a proibição do uso dos Boeing 737 Max foi sendo determinada por diversos países, um após o outro. Até que os Estados Unidos, que relutavam em adotar a medida, também suspenderam o uso do Boeing, dizendo que novas evidências do local do acidente na Etiópia, “junto com dados de satélite” levaram à decisão de deixar os aviões no solo.
Com a proibição do governo norte-americano e a pressão internacional, a própria Boeing decidiu pedir às aéreas do mundo todo que deixem de usar temporariamente os 737 Max.
Palavra da Boeing
Que a aeronave é segura e que a sua recomendação de suspendê-la é apenas “excesso de cautela”. Apesar da posição, a Boeing anunciou que está desenvolvendo uma atualização do software do MCAS para tornar os aviões “ainda mais seguros”.
A atualização do software já vinha sendo estudada pela empresa desde a queda do primeiro avião, em outubro. A previsão da Boeing é que a mudança seja feita nas próximas semanas. Fontes ligadas ao caso disseram à agência de notícias AFP que a atualização ocorrerá em até dez dias.
Uso no Brasil
A Gol é a única aérea nacional que opera o modelo 737 Max. A empresa suspendeu o modelo no dia seguinte ao acidente da Ethiopian Airlines. A decisão foi reproduzida pelas duas únicas estrangeiras que operavam o avião por aqui, a Aerolíneas Argentinas e a American Airlines.
Depois que a própria Boeing recomendou a suspensão da linha 737 Max, a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) proibiu o uso do modelo no País. Ainda há algum 737 Max voando no mundo? Não. Todas as aeronaves deixaram de ser usadas comercialmente após a recomendação da Boeing.
Negócio com a Embraer
A Embraer afirma que a crise da Boeing não deve afetar as negociações entre as empresas. A brasileira vendeu à Boeing sua divisão de aviação comercial, em um acordo avaliado em US$ 5,3 bilhões, já aprovado por acionistas.
A transação foi aprovada pelo presidente Jair Bolsonaro em janeiro. Embora a Embraer tenha sido privatizada em 1994, o governo é dono de uma “golden share”, uma ação especial que dá direito a veto em decisões importantes, como a venda do controle da empresa. Para que o negócio seja oficializado, falta ainda a aprovação das autoridades reguladoras do Brasil e dos Estados Unidos.