Sexta-feira, 29 de março de 2024
Por Redação O Sul | 14 de agosto de 2017
O site neonazista Daily Stormer teve seu registro de domínio rejeitado duas vezes em menos de 24 horas, em movimentos que ameaçam tirar o site do ar se não encontrar um substituto para a GoDaddy e Google. Ambos os serviços de hospedagem na internet disseram que o site tinha violado seus termos de serviço.
O site que prega a supremacia branca, associado ao movimento direita alternativa, ajudou a organizar a manifestação que se tornou violenta no final de semana em Charlottesville, Virgínia, nos Estados Unidos.
A empresa decidiu expulsar o site no domingo por medo de que ele pudesse ser usado para incitar mais violência após os eventos em Charlottesville, incluindo a morte de Heather Heyer, que foi fatalmente atingida por um carro supostamente conduzido por um homem com visões nacionalistas brancas.
O Daily Stormer respondeu a medida migrando para o provedor do Google, pertencente a Alphabet. O Google Domains, que oferece transferências por meio de um processo automatizado online que a empresa diz que normalmente leva 20 minutos ou menos para ser concluído.
O domínio foi registrado no Google pouco antes das 8h (horário local) na Califórnia e a empresa anunciou planos para revogá-lo às 10h56min, de acordo com uma pessoa familiarizada com o assunto. “Não queremos que nossos serviços incitem a violência”, disse.
Não ficou claro quando o movimento do Google entraria em vigor. O Daily Stormer estava on-line e seu registro de internet indicou o Google como provedor. Os termos de conduta da GoDaddy proíbe o uso de seus serviços de forma a “promover, encorajar ou se envolver em terrorismo, violência contra pessoas, animais ou propriedades”. O editor do Daily Stormer, Andrew Anglin, não foi encontrado para comentar o assunto.
Vitrine do ódio
“Este evento [Charlottesville] poderia ser uma vitrine histórica do ódio, reunindo, em um só local, um número de extremistas inédito em uma década”, advertiu Oren Segal, diretor do Centro sobre Extremismo da Liga Antidifamação, associação que luta contra o antissemitismo.
A direita nacionalista esperava atrair bastante seguidores graças à presença de membros do movimento Alt-Right, que apoiou Trump durante sua campanha.
Os participantes, de várias partes do país, tiveram dificuldade para encontrar hospedagem. A plataforma de aluguel da apartamentos Airbnb cancelou um número desconhecido de contas ligadas à extrema direita, destacando seus princípios de hospedagem independentes de origens étnicas.
Jason Kessler, organizador da manifestação, estimou no Twitter que a medida equivalia a um “ataque à liberdade de expressão e aos direitos civis”.
Já Paul Ryan, líder republicano no Congresso, denunciou a reunião da extrema direita como “um espetáculo repugnante, baseado em uma intolerância vil”.