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Mundo O Reino Unido participará das eleições no continente europeu ignorando negociações para ser excluído da União Europeia

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Se tudo der certo para Boris Johnson, o Brexit ocorrerá no dia 31. (Foto: Reprodução)

As eleições para o Parlamento Europeu serão realizadas no Reino Unido em 23 de maio, mesmo se os deputados britânicos adotarem antes desta data um acordo sobre a saída britânica da UE (União Europeia), o Brexit, afirmou nesta terça-feira (7) o número dois de Downing Street, David Lidington.

A primeira-ministra britânica, Theresa May, havia prometido cancelar a realização da votação em caso de acordo. Mas, segundo Lidington, o Executivo considera agora que não há mais tempo suficiente para ratificar os diferentes textos necessários para uma eventual entrada em vigor de um acordo antes de 23 de maio.

Por meio do seu porta-voz, May “lamentou profundamente” que o Reino Unido terá de participar nas eleições europeias. O entrave deverá aumentar ainda mais as complexidades do processo do Brexit, uma vez que outros países esperavam obter os assentos que seriam abandonados pelos eurodeputados britânicos.

Em 10 de abril, quando faltavam apenas 48 horas para a saída britânica da UE, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, anunciou que o bloco concordara em ampliar o prazo. Agendado inicialmente para o dia 29 de março, o Brexit foi primeiro adiado para 12 de abril, mas, temendo a possibilidade cada vez maior de uma saída não negociada, líderes da União Europeia concordaram em estender o prazo até o dia 31 de outubro.

O Reino Unido pode até abandonar a UE antes de junho se May tiver êxito em seus esforços para construir uma base que respalde sua proposta de acordo em Londres. Para isso, precisará dos membros do Partido Trabalhista, oposição ao seu Partido Conservador. Mas, tendo perdido o controle do processo em Bruxelas, ela tem que enfrentar os parlamentares britânicos, incluindo um significativo número que deseja a sua renúncia.

Por três vezes a proposta de acordo apresentada pela premier foi rejeitada no Parlamento. De um lado, a ala eurocética do partido de May acha que o texto acertado por ela ao longo de extensas negociações faz concessões demais à UE; por outro, os parlamentares contrários ao Brexit pressionam pela não aprovação do texto, a fim de impulsionar uma segunda votação popular, na esperança de que desta vez os britânicos optassem pela permanência no bloco.

Uma das maiores críticas de alguns dos defensores do Brexit ao acordo de May — e que por isso votaram contra ele no Parlamento — é ao mecanismo proposto para evitar que, após a saída, sejam impostos controles de fronteira entre a província britânica da Irlanda do Norte e a República da Irlanda, integrante da UE.

Depois do Brexit, esta será a única fronteira terrestre entre o Reino Unido e o bloco, mas a imposição de controles fronteiriços violaria o Acordo da Sexta-Feira Santa, que em 1998 pôs fim à insurgência armada liderada pelos católicos da Irlanda do Norte, favoráveis à unificação com a Irlanda.

Para evitar isso, a UE propôs que, durante o período de transição regido pelo acordo, que vai até o fim de 2020, o Reino Unido permaneça em uma união aduaneira com o bloco. Depois, seriam negociadas novas regras capazes de satisfazer britânicos e irlandeses. O temor dos defensores mais radicais do Brexit, porém, é de que não surja uma alternativa, e a união aduaneira se prolongue indefinidamente.

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