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Brasil O responsável pelo programa econômico do presidenciável Jair Bolsonaro defende a privatização de “tudo” para zerar a dívida interna do País

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Além de agradecer o apoio que vem recebendo desde o ataque a faca, o deputado disse que "tão grave quanto a corrupção, é tentar roubar a nossa liberdade". (Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr)

Ex-capitão do Exército com posições estatizantes, Jair Bolsonaro conferiu a um ultraliberal a tarefa de criar seu programa econômico. Aos 68 anos, Paulo Guedes tem doutorado pela Universidade de Chicago, instituição que se tornou o símbolo do liberalismo. Com uma próspera carreira na área bancária, ele encontrou no presidenciável um aliado improvável. Desde novembro, os dois têm tido conversas quinzenais de quatro a cinco horas sobre temas econômicos. Falam-se com frequência por WhatsApp.

O presidenciável, segundo Guedes, tem aceito sua receita de privatização radical, corte de impostos e independência do Banco Central. Depois de décadas recusando convites para ingressar no setor público, Guedes, CEO do Bozano Investimentos, se diz pronto a trocar suas caminhadas diárias pelo calçadão do Leblon por “aquela confusão lá” (Brasília). Bolsonaro já avisou que, se eleito, ele será seu ministro da Fazenda. Confira trechos da entrevista concedida ao jornal Folha de S. Paulo:

Qual o eixo do programa econômico que o sr. está escrevendo para Bolsonaro?

A Constituição de 88 previu a descentralização de recursos. Ela foi imperfeita, porque nós perdemos tempo no combate à inflação. A morte do Tancredo [Neves, em 1985] foi uma infelicidade. O Tancredo era um veterano de 1964, quando ele viu a democracia se perder pelo problema inflacionário. Quando ele vê a inflação subindo, entra dizendo: é proibido gastar, vou controlar os gastos públicos. Quando nós fomos para congelamento de preços, Cruzado, esse tipo de coisa, nós nos perdemos, nós fomos na direção da Venezuela, para a hiperinflação.

Como fazer na prática?

No programa do Afif [para presidente, que ele coordenou, em 1989], eu propunha privatizar tudo. Para zerar a dívida mobiliária, a dívida pública federal interna.

Vender patrimônio para pagar dívida é boa política?

É só fazer a conta: dois anos atrás foram 500 bilhões de reais e ano passado, 380 bilhões de reais de juro da dívida. Bota isso 25 anos. Dava para ter acabado com a miséria?

Mas privatizar tudo?

Privatizasse um pouco que fosse. Vá olhar hoje a despesa pública. Será que valia a pena? Ou pagar um superavit fiscalzinho, só para não deixar a dívida crescer muito? O país continua sendo um paraíso dos rentistas e inferno dos empreendedores. Os impostos subindo, os gastos públicos saindo de 18% do PIB quando os militares entraram para 45%, quando Lula e Dilma saíram, sendo 38% de impostos e 7% de deficit. É um governo totalmente disfuncional. O governo é muito grande, bebe muito combustível. Mas se você olhar para educação, saúde, ele é pequeno. Já que a democracia vai exigir a descentralização de recursos para Estados e municípios, o governo federal tem que economizar. Onde? Na dívida. Se privatizar tudo, você zera a dívida, tem muito recurso para saúde e educação. Ah, mas eu não quero privatizar tudo. Privatiza metade, então. Já baixa metade da dívida.

Tem clima para privatizar?

A pergunta é o contrário: tem clima para não privatizar? Onde começou o mensalão, Bradesco ou Correios? Onde se acusa o Eduardo Cunha? Caixa, loterias, fundos de pensão. Onde foi o petrolão? Petrobras. Você vê clima para continuar com as estatais?

As joias da coroa, Petrobras, Banco do Brasil, Caixa, tudo isso é privatizável?

Por que não pode vender o Correio? Por que não pode vender a Petrobras? E se o mundo for para um negócio de energia solar? E o shale gas [gás de xisto]? E se o petróleo, daqui a 30 anos, estiver valendo US$ 8 [o barril]? Você sentou em cima de um totem, ficou adorando o Deus do óleo. Por que uma empresa que assalta o povo brasileiro tem que continuar na mão do Estado?

O sr. fala de corrupção nas estatais, mas a Odebrecht, por exemplo, é privada.

Evidentemente, há piratas privados e criaturas do pântano político.

Então o sr. admite que corrupção não ocorre apenas no setor estatal?

Tira o oxigênio. Já viu alguém do Bradesco corromper alguém do Itaú? Alguém do “Jornal do Brasil” corromper alguém da Folha? O privado não corrompe o privado, quando corrompe é preso. Não digo privatizar a qualquer preço, estou falando de gestão de patrimônio público.

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