Sexta-feira, 19 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 25 de abril de 2017
Pela primeira vez em 60 anos, os franceses irão às urnas, em segundo turno, para escolher entre dois candidatos estranhos à tradição política da França, que sempre oscilou entre republicanos (direita) e socialistas (esquerda). O centrista Emmanuel Macron, do movimento independente En marche! (Avante!), que obteve 23,9% dos votos no primeiro turno, no domingo passado, disputará a segunda rodada com a candidata da Frente Nacional (FN), Marine Le Pen (21,4%). Os dois derrotaram o conservador François Fillon (19,9%), do Partido Republicano, além do socialista Benoit Hamon (6,3%) e do candidato da extrema-esquerda, Jean-Luc Mélenchon (19,6%), da Frente Insubmissa.
Marine é a favor da saída o país da União Europeia, a exemplo do que fez o Reino Unido. Já Macron tem opinião contrária.
O resultado do primeiro turno é significativo pela derrota das agremiações convencionais, sobretudo o Partido Socialista, refletindo a insatisfação do eleitor francês com o presidente François Hollande. Também evidenciou, mais uma vez, que o eixo atual da disputa ideológica, sobretudo no campo eleitoral, não se dá tanto entre esquerda e direita, mas especialmente entre aqueles que defendem um mundo integrado mediante regras comuns e os que preferem retornar ao isolacionismo e ao protecionismo do nacional-populismo.
Os números também apontam o forte avanço da esquerda radical e da extrema-direita, com bandeiras parecidas. Mas enquanto Le Pen faz da xenofobia uma marca eleitoral, o centrista Macron é um defensor eloquente da integração europeia, a favor da economia de mercado e da saúde fiscal. Se sua vitória for confirmada, será mais um sinal de que a onda nacional-populista que varreu a Europa e o mundo nos últimos anos começa a perder força.